terça-feira, 17 de março de 2015

NUNCA DEIXE DE SONHAR


 GN 28:1017

Um dia uma criança chegou diante de um pensador e perguntou-lhe: “que tamanho tem o universo?” Acariciando a cabeça da criança, ele olhou para o infinito e respondeu: “o universo tem o tamanho do seu mundo”. Perturbada, ela novamente indagou: “que tamanho tem o meu mundo”? O pensador respondeu: “tem o tamanho dos seus sonhos”! Se nossos sonhos são pequenos, nossa visão será pequena, nossas metas serão limitadas, nossos alvos serão diminutos, nossa estrada será estreita, nossa capacidade de suportar os desafios será frágil.

Nosso texto fala de um homem que decidiu desinstalar-se: “partiu Jacó de Berseba e seguiu para Harã” (v. 10). Esta desinstalação aconteceu por dois motivos: primeiro porque fora abençoado por seu pai Isaque e a contrapartida desta bênção seria procurar esposa somente na terra de Padã-Harã onde estava a família de sua mãe Rebeca (Gn 28:1-4); segundo porque fora amaldiçoado pelo seu irmão Esaú (Gn 27:41-45). Vivendo entre o limite da bênção e maldição, o texto diz que ele“partiu, seguiu, deitou e sonhou” (v. 10-12a). Nesta noite o Senhor nos encontra para dar uma importante mensagem: NUNCA DEIXE DE SONHAR.....

I – NUNCA DEIXE DE SONHAR, MESMO QUE AS CIRCUNSTÂNCIAS DE SUA VIDA SEJAM LIMITADAS (v. 11-12a)

Jacó tinha limites físicos - (v.11 “tendo chegado a certo lugar, ali passou a noite, pois já era sol-posto; tomou uma das pedras do lugar, fê-la seu travesseiro e se deitou ali mesmo”). Aqueles que são determinados em sonhar admitem até mesmo fazer das pedras travesseiros!

Jacó tinha limites familiares (cp. 25 e 27) –este homem, com certeza, teria imensa dificuldade de conseguir um atestado de bons antecedentes:sua origem (Gn 25:21-26a) – lutava com o irmão gêmio desde o ventre de sua mãe e nasceu segurando o calcanhar do irmão; seu registro de nascimento (25:26b) – recebeu o nome de “Jacó” que significa “enganador”; seu desenvolvimento familiar (25:27-28) – “os meninos” Jacó e Esaú eram bem diferentes e a medida que cresciam se distanciavam porque seus pais, erroneamente, os tratavam de forma distorcida; sua ousadia (Gn 25:29-34) – negociou o inegociável (a primogenitura de seu irmão) e usurpou o insurpável – a bênção que era de Esaú (cp. 27, em especial v. 35 e 41).

Jacó era um homem marcado para morrer – caminhando para Padã-Arã ele sabia que a qualquer momento sua vida poderia ser tragicamente eliminada por Esaú, mas ele continuou a sonhar!

Não podemos permitir que as experiências difíceis do passado ou do presente roubem de nós o privilégio de viver sonhando! Shakespeare dizia que “quando se avistam as nuvens os sábios vestem suas capas”. A vida têm muitas vezes tempestades inevitáveis e quando elas sobrevêm os sábios preparam suas capas invisíveis - os sonhos - que quando preservados tornam-se tetos protetores das nossas emoções, sonhos que, segundo Augusto Cury, quando presentes transformam miseráveis em reis e quando ausentes transformam milionários em mendigos; sonhos que fazem idosos transformarem-se em jovens, mas quando abandonados transformam jovens em idosos!

II – NUNCA DEIXE DE SONHAR, MAS SONHE COM O SENHOR (v. 13-17)

Jacó sonhou com uma escada que conectava a terra ao céu (v. 12a“... eis posta na terra uma escada cujo topo atingia o céu”) – Jacó sonhava na terra (dimensão horizontal), mas seu sonho estabelecia uma conexão com o céu (dimensão vertical). Podemos e devemos ter sonhos terrenos (profissionais, acadêmicos, afetivos, familiares....), mas eles precisam estar conectados com os céus (Pv 16:1-3). A velha canção popular dizia: “reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”, mais do que isto, devemos cantar “dá a volta para cima”!

Jacó sonhou com uma escada que conectava o céu à terra (v. 12b “.... e os anjos de Deus subiam e desciam por ela”) – quando lutamos por sonhos terrenos vinculados aos céus experimentamos o mover comunicativo de Deus (Ex.: na história da Pedra Viva sempre houve uma “descida de anjos” trazendo a benção de Deus na hora certa e na intensidade certa). Sonhos terrenos sem conexão com o céu são uma grande utopia, sonhos celestes sem terra são uma grande fuga! Deus nos chama para viver esta integralidade de uma intensa vida terrena regada pela graça que vem do céu....!

Jacó sonhou com um “Senhor” que estava próximo (v. 13 “E perto dele estava o Senhor....”) – Deus é “Senhor” – soberano sobre todas as coisas e Ele “está próximo” – provisiona tudo o que preciso na hora certa e na intensidade certa! Um dos grandes problemas do cristianismo é que muitos dos que se dizem cristãos pararam de sonhar com Deus: seus sonhos, aparentemente conectados ao céu, estão voltados exclusivamente para questões terrenas como uma casa própria, o carro do ano, novo emprego, novo salário, uma viagem de turismo, o aperfeiçoamento acadêmico, um novo amor, um novo prazer...... Gente que quer o céu não por causa de Deus, mas por causa das benesses que o céu pode lhe oferecer!

Jacó sonhou com um Senhor que renova Sua promessa para cada geração (v. 13b-14a “.... e lhe disse: Eu sou o Senhor, Deus de Abraão, seu pai, e Deus de Isaque; a terra em que estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência; a tua descendência será como o pó da terra, estender-te-ás para o ocidente e para o oriente, para o norte e para o sul”) – Deus, que fora Senhor de seus pais (Abraão e Isaque), era Senhor dele, Jacó, mas também seria Senhor de toda a sua descendência, dando a ela a posse da terra em que estava deitado, uma descendência que faria diferença positiva na história. Quando sonhamos com o Senhor Ele traz um novo significado à nossa caminhada familiar! Muitos pais estão sonhando muito com o futuro de seus filhos, esquecendo-se de que se sonharem mais com Deus, o futuro de seus filhos estará garantido pela bênção do Senhor dos seus filhos!

Jacó sonhou com um Senhor que reafirma Sua proposta missionária (v. 14b “Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra”) – a proximidade do Senhor não é para produzir um grande êxtase espiritual, ainda que ele possa acontecer, mas para produzir capacitação para um grande envolvimento missionário. Quem de fato sonha com o Senhor muda de foco: passa do mero interesse de ser abençoado para o sadio interesse de ser uma bênção!

Jacó sonhou com um Senhor que é a única segurança efetiva (v. 15 “Eis que estou contigo e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que hei referido”) – Deus assegurou a Jacó não só a Sua companhia momentânea, mas definitiva, e era nesta companhia contínua que estaria a sua segurança em qualquer lugar e qualquer circunstância. Mais ainda: sua segurança estaria diretamente ligada à disposição do Senhor de cumprir o que lhe prometera!

Os sonhos trazem saúde para a emoção, renovam as forças do ansioso, animam os deprimidos, transformam os inseguros em seres humanos de raro valor, fazem os tímidos terem golpes de ousadia e os derrotados serem construtores de oportunidades (Augusto Cury), mas eles não podem trazer segurança, pois a nossa única fonte de segurança efetiva é o Senhor!

CONCLUSÃO: CONSEQUÊNCIA IMEDIATAS DO SONHO....

Aprendemos hoje: precisamos insistir em sonhar, mesmo que as circunstâncias sejam extremamente desfavoráveis; precisamos insistir em sonhar, mas fazendo de Deus o foco único de nossos sonhos! Quando estes sonhos se tornam realidade:

Redescobrimos, como Jacó, quem Deus é (v. 16 “Despertado Jacó do seu sono, disse: na verdade o Senhor está neste lugar e eu não o sabia”) – a grande questão da nossa existência não diz respeito apenas a “onde estamos” e ao “que fazemos”, mas se Deus está onde estamos e naquilo que fazemos! Cada passo da nossa caminhada deve ser uma nova oportunidade para redescobrir quem Deus é: “Senhor” inteiramente conectado conosco! Esta conexão para nós é maior do que foi para Jacó, pois Jesus o verbo se fez carne e habitou entre nós, estabelecendo uma escada permanente pela qual subimos ao céu e o céu desce a nós (Jo1:1, 14, 51; 14:6)

Redescobrimos, como Jacó, quem nós somos(v. 17 “E, temendo, disse: quão temível é este lugar! É a casa de Deus, a porta dos céus”) – a revelação da soberania de Deus traz a tona a nossa condição de servos: somos frágeis, débeis, miseráveis, pequenos, indefesos, inconstantes, incrédulos, corruptos, frios, indiferentes... não merecemos, em hipótese alguma, a companhia do Senhor, mas louvado seja o Seu nome, porque Ele, em Cristo, insistiu e continua a insistir em nos amar!

Termino, lembrando que há 28 anos atrás, no dia 28 de agosto de 1963, um pastor batista subiu no Memorial Lincoln, em Washington, e fez um discurso para mais de 250.000 pessoas. O nome do discurso era “Eu tenho um sonho” e, dentre outras coisas, dizia: “eu tenho um sonho no qual um dia esta nação se erguerá e verá o verdadeiro significado do seu credo... que todos os homens são criados iguais... Eu tenho um sonho de que algum dia, nas colunas vermelhas da Geórgia, os filhos dos escravos e os filhos dos senhores de escravos se sentarão juntos à mesa da fraternidade, esta é a nossa esperança... Eu tenho um sonho, com esta fé eu volto para o sul; com esta fé arrancaremos da montanha da angústia um pedaço de esperança; com esta fé poderemos trabalhar juntos, orar juntos, ir juntos à prisão, certos de que um dia seremos livres. Quando deixarmos o sino da liberdade tocar em qualquer vilarejo ou aldeia de qualquer estado, de qualquer cidade, neste dia estaremos prontos para nos erguer. Todos os filhos de Deus, brancos ou negros, judeus ou gentios, protestantes ou católicos, estarão prontos para dar as mãos e cantar aquele velho hino dos escravos: “finalmente livre, finalmente livre! Graças ao Deus todo-poderoso, nós somos finalmente livres”. Terminado este discurso o pastor batista Martin Luther King, que subira no memorial de Lincoln como líder negro desceu como líder universal, instrumento divino para a transformação da sociedade americana na questão dos direitos civis e políticos dos seus negros, bem como para a transformação de muitos países ao redor do planeta. Sua vida foi tragicamente ceifada na tarde do dia 4/4/1968, quando estava tomando sol na varanda do hotel Lorraine, o único da cidade de Menphis que aceitava negros. Partiu aos 39 anos mas Seu discurso e, acima de tudo, sua vida continuam apontando sempre na mesma direção: NUNCA PODEMOS DESISTIR DE SONHAR, MESMO QUE AS CIRCUNSTÂNCIAS SEJAM DESFAVORÁVEIS, MAS TEMOS QUE SONHAR COM DEUS E COM SEUS SONHOS!

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