“Cuidado com os mestres da lei. Eles fazem questão de andar com roupas especiais,
de receber saudações nas praças e de ocupar os lugares
mais importantes nas sinagogas
e os lugares de honra nos banquetes.
Eles devoram as casas das viúvas,
e, para disfarçar, fazem longas orações.
Esses receberão condenação mais severa!”
(Marcos 12.38-40)
Fazer jejum com a finalidade de emagrecer não é jejum. Ter uma linguagem piedosa para impressionar os outros não é ser espiritual. Chorar em oração para comover o irmão do lado não é sinal de quebrantamento. Ofertar para declarar o quanto você é generoso não é agradável aos olhos de Deus. Perder a conexão da pureza interna com as obras exteriores é sinal de legalismo, e não, de devoção. Em outras palavras, é querer fazer o certo pelo motivo errado.
Os mestres da lei faziam longas orações para justificar suas atrocidades com as viúvas. Orar não é somente quando dobramos nossos joelhos e erguemos nossa voz ao Senhor, mas é, também, viver de maneira condizente ao que pedimos.
A síndrome do irmão mais velho do filho pródigo, desafortunadamente, permeia as igrejas no mundo inteiro. Quando o seu irmão caçula volta e é recebido pelo pai de maneira graciosa o mais velho se enche de ira (João 15.28) e esbraveja: “Olha todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu (pai) nunca me deste nem cabrito para eu festejar com os meus amigos. Mas quando volta para casa esse teu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele (João 15.29-30)“. “Disse o pai: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu’ (v. 31)”.
O irmão mais velho queria sua recompensa, se julgava mais merecedor, pois tinha feito mais e melhor, porém, se via como um escravo, não compreendia que sua relação era de um filho para com o pai, e é sob esta ótica que o pai amorosamente declara que tudo que tem é dele. O grande problema é que ele servia ao pai pela motivação errada. Não estava ali por amor ao pai, mas pela expectativa de obter honra, reconhecimento e recompensas terrenas por isso.
Nesse prisma, o apóstolo Paulo ultrapassa a compreensão humana quando declara: “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará” (1 Coríntios 13.3).
Não é o que fazemos, mas a motivação em fazê-lo que importa para Deus, pois o Todo-Poderoso não quer saber o tamanho do nosso sacrifício ou da nossa obra, mas a intensidade do nosso amor.
Muitos são pegos no contrapé da caridade, pois, mais do que lavar a consciência, ou seja, um ato de compensação, o ajudar ao próximo deve visar em primeira instância seu benefício e não o nosso.
Pertencemos a uma geração egoísta, que prioriza o ego, que mira de forma sempre certeira na auto realização. Nesse contexto, muitos atos de aparente bondade não passam de narcisismo e busca por reconhecimento e aplausos. Quem assim procede já tem seu galardão nos limites terrenos, pois aos olhos de Deus, tal “bondade” não possui nenhuma repercussão, ainda que seu valor material seja portentoso.
Pela Palavra, todavia, entendemos que nossa própria satisfação deve ser um ato nulo para o alimento do ego, surgindo apenas como consequência da motivação correta: ajudar por ajudar, ajudar por amor, sem nada mais objetivar.
A sanha e a sede por reconhecimento nos tira do caminho da piedade verdadeira e mesmo que não seja um mal confesso e explícito, sua simples semente silenciosa em nossos corações, já possui efeitos devastadores para o caráter e fé.
Assim, tudo que fizermos para o Senhor e para o próximo, façamos de todo coração, por amor e gratidão, pois o que passar disso pode ser fruto de equívoco, gesto carnal e influência diabólica (I Coríntios 4.5).
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