“E eles, passando pela manhã, viram que a figueira se tinha secado desde as raízes.” (Marcos 11:20)
Indo de Betânia a Jerusalém, Jesus sentiu fome. Ao passar por uma figueiracoberta de folhas bem verdes (aparência), aproximou-se para colher alguns figos. Vendo, porém, a mais absoluta ausência de frutos (conteúdo), Jesus “amaldiçoou” a figueira, condenando-a à improdutividade permanente. “No dia seguinte, de manhã bem cedo, Jesus e os discípulos passaram perto da figueira e viram que ela estava seca desde a raiz” (Marcos 11:20).
A explicação dada por Jesus, claramente, nada tem a ver com o fato de umafigueira secar, por não possuir fruto, o que poderia ser encarado com naturalidade em uma época que não era de colheita... Mas, de repente, Ele começa a explicar sobre a fé capaz de modificar as coisas.
Mas qual seria a relação entre uma figueira amaldiçoada e a vida de fé, cheia defrutos, que o Senhor espera que tenhamos?
Tal como aquela figueira, muitos de nós conseguem impressionar e convencer à primeira vista. Nossas “folhas verdes” dão a aparência de viço, de vida, de robustez, o que não necessariamente implica em autenticidade e principalmente em produtividade.
Em tempos de números e estatísticas, ouvimos por todos os lados de índices que falam em crescimento da igreja. Alguns calculam que em duas décadas a maioria da população brasileira será evangélica. Mas seria isso suficiente para afirmarmos que a Obra de Deus está verdadeiramente arraigada e influenciando para o bem esta terra? Será que temos uma igreja comprometida com a humilde e serena verdade do evangelho? Será que essas multidões presentes em censos e pesquisas estão unidas pelo vínculo do amor e da fé? E será que como se foram um só coração dão testemunho real e com autoridade de Cristo através de suas próprias vidas? São perguntas vitais e que nos impelem a uma profundareflexão.
Muitas vezes somos apenas corpos frequentadores de igreja, bocas que berram mecanicamente seus améns e aleluias, mãos ignorantes que carregam Bíblias que nunca são lidas, ternos e gravatas que escondem uma alma maculada por pecados clandestinos. Muitas vezes somos apenas folha verdade – aparência – porém sem um único fruto verdadeiro de sincero compromisso com Cristo e Sua Palavra.
Nossa vocação, como cristãos, não é simplesmente oferecer abrigo, embaixo da folhagem verde dos nossos ramos. Nossa vocação, de tempo integral, é providenciar alimento para um mundo raquítico e desnutrido de Deus. Acima de tudo e acima das estações do ano, o cristão continua sua missão de realizar a obra de Cristo, isto é, de doar “vida com abundância”. O eterno é eterno porque é atemporal. A qualidade de nossa missão é eterna. Por isso, nunca devemos estar presos às limitações das estações, das culturas, das tecnologias ou dos modismos teológicos.
É bem verdade que folhas verdes são belas e dão boa impressão. Mas, para Deus, isso não basta. Não devemos ser apenas figueiras com folhas. Temos que ir além da aparência, temos que ter compromisso e conteúdo – temos que ser figueiras com frutos!
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