Jer 18:2 - "Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. "
Interessante, esta ordem de Deus. O profeta não se limita ir à casa do Oleiro.
A ordem, implícita é a de sair do sitio de onde está.
Sai do templo, da cidade, e vai à casa do Oleiro.
Ele foi "chamado para fora"...
E porque é que a casa do Oleiro é fora da cidade?
Simplesmente porque é aí que está o barro e a lama.
O Criador, está onde está a criação, e especialmente, o material a ser usado para criar.
Deus podia perfeitamente ter chamado o oleiro ao local sagrado, à presença do grande profeta.
Mas quando se serve a Deus, o que realmente "serve", desce.
Obedece, descendo.
(muitos há que acham que aqueles que para servir têem de se tornar maiores, pastores, apóstolos, bispos etc, mas a realidade no Reino de Deus, é que, é para baixo que se sobe)
Vai ao encontro daquele que lhe pode até parecer menor, mas que na realidade é seu semelhante.
O oleiro não procura o conforto e a segurança da cidade.
O oleiro não procura a riqueza nem as luzes da cidade.
O oleiro não procura uma posição mais elevada. (Filipenses 2:6)
O profeta, precisa de descer, porque o oleiro desceu primeiro, e se estabeleceu antes dele.
Enquanto o povo subia a Jerusalém, onde estava o templo, o profeta, para se encontrar com o oleiro, teve de descer e sair de Jerusalém.
Já o Oleiro, desceu do seu templo, a Jerusalém celestial, para habitar entre o barro, fazendo-se barro, mas barro inteiramente limpo.
O profeta sabe onde é a casa do oleiro, mas o oleiro sabe onde é a «casa» do barro.
O profeta estava no templo, mas o oleiro, está onde está o barro.
Jer 18:3 - "E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas"
O profeta obedeceu.
E quando o fez, pode contemplar não só o Oleiro, como a criação deste.
O que o profeta não pôde ver, foi o processo que levou o barro, do lamaçal à roda.
É que o Oleiro, não se limita a ir buscar o barro a uma prateleira do supermercado.
Não! O Oleiro, não só sabe onde está o barro, como vai ter com ele.
Pode parecer um preciosismo, mas muitas vezes achamos que é o barro que vai de encontro ao Oleiro...
O Oleiro sabe que o barro está no meio de lama.
No meio de raízes. No meio de pedras.
Tapado por folhas. Misturado com animais mortos.
O oleiro, não se importa. Ele sabe que o barro está lá.
E sabe como o ir buscar.
Mas o Oleiro não trabalha sozinho. Antes, espera pelo tempo certo.
No tempo certo, após a chuva. A água vai à frente dele.
A Água prepara o barro, para se encontrar com o Oleiro.
Quando chove, penetra, amacia, para que quando o Oleiro chegue, este o recolha.
E é o Oleiro que escolhe o barro...
É o Oleiro, que o tira da imundícia e o transporta para o Reino do seu Amor.
Logo ali, o Oleiro tira as pedras maiores.
Destapa-o das folhas. corta as raízes, e limpa-o da morte.
O barro, ainda nem barro (de roda ou de trabalho) é.
Mas a sua condição, não é mais a mesma.
Quando o barro chega à olaria, da-se a segunda parte do processo.
Este é baptizado em tinas de água, até estar limpo de todas as grandes peças que ainda trouxe com ele.
E descansa. Sim, tanto o barro, como o Oleiro descansam.
Depois de limpo, o barro é tirado da tina e levado para a mesa.
O Oleiro, desde que o barro tenha Água, pode limpa-lo.
Esta parte do processo, faz-se amassando o barro com as mãos.
Tirando cada pedra que encontra, cada pedaço que o impede de cumprir o seu propósito.
Pode parecer que o barro está a levar uma sova, ou a sofrer no processo.
Mas, acreditem, o oleiro, por muito experiente que seja, sofre.
Sofre porque o barro é gelado. A dor de amassar o barro vai até aos ossos.
Por muito calo que as mãos do oleiro tenham, o frio trespassa e magoa.
Sempre que o barro precisa de descansar, o Oleiro não o deixa sozinho.
Fica enrolado num pano, com Água.
Assim, o barro está sempre a ser trabalhado.
Ou pelas mãos do Oleiro. Ou pela acção da Água.
Há, nesta fase, algo de novo.
Para quem olha de fora, o barro está pronto.
Está limpo, foi amassado, tem a humidade certa.
Mas o Criador, sabe mais e melhor.
Ele conhece o interior do barro. Porque trabalhou nele.
E aqui, o barro é amassado, mas não da mesma forma.
O oleiro, muda a forma de amassar o barro.
Para encontrar as pedras mais pequenas, deixa de usar a palma das mãos calejadas.
Passa a usar as partes mais frágeis das mãos.
Os nós dos dedos e a parte interior dos pulsos.
A cada passagem, uma camada fina de barro é levada para o fundo e uma nova zona do barro se expõe.
Estes movimentos são rápidos e firmes.
Assim, a cada encontro com um grão de areia, ocorre invariavelmente uma de duas coisas, e muitas vezes ambas.
Ou a pedra deixa um rasto no barro, ou faz o Oleiro sangrar, deixando um rasto de sangue no barro. Ambas permitem identificar a pedra para que seja removida.
Seja como for, o barro não está purificado, até que o oleiro sangre.
Não há um pedaço de barro limpo, que não tenha sangue do Oleiro.
O Sangue do Oleiro é o garante do barro.
Só após o sangue do Oleiro, ser derramado e vertido pelo barro e no barro, é que o este está pronto ser algo.
Seja qual fôr o destino do barro, a roda, a placa, ou a arte. No processo final, o que conta é se o barro está purificado.
O profeta viu o barro na roda. Mas não viu como lá chegou.
Para o barro ser trabalhado na roda, não basta pousa-lo lá.
A roda tem de estar molhada.
O barro tem de ter a quantidade certa de Água.
E o barro, atirado contra a roda, só fica no sitio, só está pronto para ser trabalhado, se estiver no centro da roda.
Se por acaso o barro tiver ficado fora do centro da vontade do Oleiro, quando a roda girar, o barro vai sair disparado.
Só depois de estar no sitio certo, é que as peças podem ser criadas.
Jer 18:4 - "Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer."
O barro a girar na roda, impulsionada pelo Oleiro, vai dando fruto conforme a vontade do Criador.
Por vezes, o barro seca, ou desvia-se do centro da roda.
Aí a peça em construção parte-se, mas o Oleiro, não deita fora o barro.
A roda não pára, junta-se água ao barro, e ali mesmo, o barro quebrado volta ao monte de onde saiu.
O Oleiro re-inicia o processo e faz a peça de novo.
No pleno exercício da Sua vontade.
O Oleiro não deita fora o barro. Tal como Deus não apaga um morrão que ainda fumega, ou quebra uma cana rachada,
O Oleiro não desiste da sua criação. NUNCA.
O Oleiro pega no barro caído, e transforma-o. Renova-o.
Mesmo que por acaso, o Oleiro coloque um pedaço de barro ali ao lado,
Não é para deitar fora. O Oleiro não deita barro fora.
Trabalha-o e, moldando-o, e cola-o ao corpo principal com Água.
O Oleiro nunca trabalha sem Água.
Molda-o com as suas mãos, e também com ferramentas, que ele mesmo faz.
Canas, pedras, outros pedaços de barro.
Até do pó de barro seco, morto, Ele, juntando Água, vivifica e torna útil.
Quando termina, o Oleiro com fio separa a peça do molho principal e deixa-a repousar.
Até o momento em que há-de passar pelo fogo.
As peças que guardem para si pedras do passado, ar da sua jactância, ou água que não a do Oleiro, sucumbirão no fogo.
No fim. O Barro não tem o mérito de ter resultado numa peça bonita.
A arte, é do Oleiro.
O trabalho, também.
O mérito, idem.
Soli Deo Glória.
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