(Gálatas 6.11-17)
A Carta de Paulo aos Gálatas é uma preciosa fonte de informação sobre os primeiros passos do Evangelho após a morte de Cristo. Graças a ela, nós podemos tomar conhecimento sobre grande parte das atividades do apóstolo Paulo que foram desenvolvidas na zona central da Ásia Menor, que desde o século I a.C, estava anexada ao Império Romano.
A Carta aos Gálatas foi a segunda carta escrita por Paulo. Logo após escrever 1 Tessalonicenses, Paulo escreve às igrejas que estavam espalhadas pela província da Galácia, por volta dos anos 55 e 60 d.C. O interessante é notar que, a Carta aos Gálatas, é na verdade, a única carta que o apóstolo Paulo escreve a um determinado grupo de igrejas. As outras cartas são escritas, por exemplo, somente a uma determinada igreja que estava localizada numa restrita região. Agora, no entanto, Paulo nesta oportunidade não escreve somente a uma igreja. Mas escreve sim, como podemos observar logo na saudação presente no capítulo 1.1-3, a um determinado grupo de igrejas que estava localizado numa região (considerada hoje como sendo a Turquia): “Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos, e todos os irmãos meus companheiros, às igrejas da Galácia graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do [nosso] Senhor Jesus Cristo”.
O principal objetivo do apóstolo Paulo nesta carta não é apenas de passar algumas simples instruções. Mas é o de combater as falsas doutrinas que estavam se espalhando entre os cristãos da Galácia.
No começo, como podemos ver, os cristãos daquela região mostraram uma grande satisfação por causa do Evangelho de Cristo. Durante algum tempo, os cristãos da Galácia viveram a sua fé com a mesma alegria e confiança com que receberam a visita do apóstolo Paulo. Eles receberam o Evangelho como sendo o próprio Cristo. No entanto, ainda não tendo passado muito tempo, aquela primeira alegria e fervor pareceu ter se esfriado. Porém, algum tempo depois, aquela mesma fé pareceu ter se acabado. Nisto, começaram a surgir sérios problemas doutrinários entre eles. Começaram a aparecer grandes heresias entre aquele povo.
Por isso, podemos dizer que, o apóstolo Paulo se sentiu motivado a escrever esta carta, na qual, por um lado, crítica a fraca fé dos gálatas e, por outro, denuncia as atividades de certos “irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus” (Gl 2.4). O principal objetivo do apóstolo nesta carta é o de combater as influências das doutrinas judaicas sobre a cruz de Jesus. A principal preocupação do apóstolo Paulo nesta carta é o de lutar contra os cristãos judaizantes que estavam afrontando a graça e a morte de Cristo.
Através de duras expressões, Paulo combate a alguns grupos de origem judaica que percorriam as igrejas recém-formadas para confundir as cabeças dos novos crentes com ensinamentos que eram falsos e opostos ao Evangelho de Cristo. Esses grupos estavam ensinando que os não-judeus (ou seja, os gentios) que queriam se tornar cristãos precisavam obedecer às leis e às cerimônias do Judaísmo. A mais importante dessas leis era a que mandava que todo homem fosse circuncidado, para assim fazer parte do povo escolhido de Deus e ser herdeiro da aliança que Deus havia feito com Abraão. Esses grupos judaizantes estavam dizendo aos gentios para que eles fossem salvos era preciso, primeiramente, que fossem circuncidados. Era preciso que eles tivessem a marca da antiga Aliança.
No entanto, no texto que lemos, mais uma vez, o apóstolo Paulo nos diz que isso não tem sentido algum. Mais uma vez, ele nos fala que a circuncisão não tem nada a ver com a salvação. Ele nos fala que a lei não tem nada a ver com a salvação. Porque o que salva não é a lei, mas é a morte de Cristo na cruz. O que salva é a graça de Deus manifestada no seu Filho amado, Jesus. O que salva é a transformação operado pelo Espírito Santo em nossas vidas. “Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura” (Gl 6.15). Ou seja, em outras palavras: não faz diferença alguma se o homem é circuncidado ou não; o importante é que ele seja uma nova pessoa. O importante é que ele seja uma nova criatura.
Em nossos dias, é comum ouvirmos expressões assim: “novo modelo econômico, nova lei, novo plano”. Ou então: “novos modelos de carros, nova moda para a estação, nova liquidação”. Há, hoje em dia, no coração das pessoas um grande anseio por novidades. Podemos dizer que, o homem moderno é um homem que está constantemente ligado e ansioso por novidades. Ele é um homem que vive de coisas novas, carros novos, roupas novas, casas novas e até mesmo namorados (as) novos.
Esse grande anseio por novidades pode ser explicado, em partes, pela própria natureza humana que sempre se renova. Em nosso organismo, por exemplo, há tecidos que se renovam constantemente. Há tecidos que se renovam a cada dia. Para termos uma idéia melhor sobre isso, basta nos lembrarmos da pele que é um órgão que se renova dia após dia. Todos os dias, quando tomamos banhos, nós esfoliamos a nossa pele. Ou seja, nós retiramos com o sabonete e a esponja a pele que já está velha e morta. Com isso, damos lugar para que surja uma pele viva e nova. Damos lugar para que surja uma nova pele.
No entanto, voltando agora para os parâmetros bíblicos, o que será que o apóstolo Paulo quer nos dizer que é importante ser nova criatura? O apóstolo Paulo nos falou tanto disso, mas afinal, o que é ser nova criatura? Como podemos ser novas criaturas? Por que precisamos ser novas criaturas? Essas são algumas perguntas que queremos responder e refletir, à luz da palavra e do Espírito de Deus, no dia de hoje para a edificação de nossas vidas.
Bom, primeiramente, para começarmos a responder a essas perguntas, vamos abrir as nossas Bíblias em 2 Coríntios 5.17. Lá, nós vamos encontrar três princípios básicos que nos explicam o que é ser nova criatura: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram, eis que se fizeram novas”.
É deixar as coisas velhas para trás
Para entendermos melhor esse texto, neste momento, nós não vamos seguir uma ordem sintática. Ou seja, nós não vamos seguir a seqüência proposta pela frase. Pelo contrário, nós vamos montar aqui a nossa própria seqüência. Nós vamos começar pelo meio da oração.
Em primeiro lugar, segundo o apóstolo Paulo nos diz, ser nova criatura é deixar as coisas velhas para trás, porque: “as coisas antigas já passaram”. Em nossas vidas, há muitas “coisas velhas” que estão guardadas no fundo do baú. Existem muitas coisas que estão arquivadas, coisas que estão engavetadas, coisas que estão no fundo do poço e, que porventura, um dia sempre vêm à tona e deixam muitas pessoas confusas, embaraças e perturbadas.
Quem, talvez, não se lembre de apenas uma feia discussão que um dia teve com o pai e que deixou no coração profundas cicatrizes? Quem não se lembra da falta de amor, de carinho ou compreensão que, talvez, não foi expressada pela mãe? Quem, por sua vez, nunca se sentiu decepcionado ou “deixado na mão” por um grande amigo? Quem nunca esqueceu das palavras de ódio ou furor do esposo (a) ou namorado (a)? Quem nunca esqueceu das atitudes maldosas de um filho? São coisas que já fazem parte do passado. Mas que, num momento ou outro, sempre aparecem e perturbam o nosso futuro!
Ou então, para sermos mais objetivos, vamos pensar um pouco sobre aqueles velhos pecados que nós praticamos há muito tempo. A palavra do Senhor em Isaías 43.25 nos afirma que Ele mesmo já tratou de cada um deles: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro”. Mas nós, porém, sempre tratamos de praticar. Nós sempre tratamos de lembrar. Muitas vezes, Deus até mesmo já havia deixado de lado e derramado o seu perdão sobre nós. Porém, nós sempre continuamos a insistir no mesmo erro. Nós queremos seguir em frente, mas não queremos deixar o nosso passado de lado. Nós não queremos deixar as coisas antigas para trás. Nós não queremos deixar as coisas velhas passarem.
No entanto, a vida cristã é feita de coisas novas. Porque: “Ninguém põe remendo novo em veste velha; porque o remendo tira parte da veste, e fica maior a rotura. Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas pôe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam”. (Mateus 9.16-17). Para uma “nova criatura” as coisas velhas já não mais existem, porque Jesus tratou com todas elas no Calvário.
É fazer tudo novo
Em segundo lugar, de acordo com texto em 2 Coríntios 5.17 que lemos, ser nova criatura é fazer tudo novo, porque: “eis que se fizeram novas”. Nova criatura é alguém que experimentou a graça da regeneração, da transformação e do novo nascimento.
Por sinal, essa expressão que o apóstolo Paulo se utiliza é muito bela: “tudo”. A obra de Deus é sempre integral. O que Deus faz é sempre completo. Ele não muda 50%, 90% ou 99%. A palavra nos diz que Ele muda “tudo”. Ele transforma”. Certas pessoas, depois do seu encontro com Cristo, têm até os seus próprios nomes mudados. Como é o caso de Pedro, por exemplo, que antes se chamava de Simão, filho de João, e depois passou a ser chamado de Cefas.
Ser nova criatura não é fazer apenas algumas coisas novas. Mas é fazer tudo novo. Ser nova criatura é ter tudo novo: é ter um coração novo, é ter uma mente nova, é ter um alvo novo, é ter um propósito novo... Não basta somente deixar as coisas velhas para trás. Porém, é também fazer tudo novo: corpo, alma e espírito. Ser nova criatura é, de fato, fazer um mundo novo com Cristo. É viver cada dia com constantes surpresas. É experimentar coisas novas e agradáveis ao Senhor a cada dia. É semelhante a Israel no deserto, que a cada manhã colhia uma nova porção de maná.
É estar em Cristo
Em último lugar, nós deixamos para o final da nossa meditação simplesmente a parte inicial do versículo. A razão é a seguinte: tudo o que vimos até aqui (deixar as coisas velhas para trás e fazer tudo novo) só é possível como base na pessoa de Cristo. Ou seja, ser nova criatura é estar com Cristo. Nós podemos deixar todas as coisas velhas para trás (as memórias, as desilusões e as lembranças). Nós podemos fazer tudo novo (nosso mente, nosso coração, nossos planos). Porém, se nós não estivermos em Cristo, de modo nenhum nós poderemos ser novas criaturas. Isto porque, o próprio texto já nos diz: “Se alguém está em Cristo”. É uma frase condicional (que indica uma condição). Que condição é essa? A condição de que nós somente podemos ser novas criaturas se, realmente, estivermos em Cristo. Não é estar numa religião, não é estar numa igreja ou num estilo de vida. Mas é estar em Cristo. É estar tão somente em Cristo e nada mais para sermos novas criaturas.
Estar em Cristo significa, portanto, andar com Ele dia a dia. Estar em Cristo é viver em união com a sua vontade e os seus propósitos. Estar em Cristo é viver em união com Cristo. É participar do seu sacrifício na cruz e ressuscitar também com que Ele do túmulo vazio. É tomar parte na sua dor. É partilhar do seu amor. Somente unidos com Cristo que podemos ser novas criaturas. É somente unidos com Cristo que podemos deixar todo o nosso passado de lado, porque é Ele que nos faz deixar todas as coisas velhas para trás, é Ele que faz tudo novo em nossas vidas.
A maior alegria que uma pessoa pode ter, independentemente de sua cultura, posição social ou posses, é estar em Cristo. É viver unido com Ele dia após dia.
Conclusão
É possível até que você esteja cansado do tipo de vida que está levando. A vida tem sido um círculo vicioso, tudo é repetitivo e você gostaria de experimentar uma coisa nova. Às vezes, você procura isso colocando uma roupa nova, dirigindo um carro novo, colaborando em casa, mas no final, tudo continua no mesmo. No entanto, não desanime. É possível mudar, basta que você deixe que Jesus faça isso por você. E faça de você uma nova criatura.
Autor: Espirito Santo de Deus.
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