A Urgência de
Desvencilhar-nos das Amarras do Sistema Capitalista
À medida que
o tempo passa, novas palavras surgem para descrever o que todos pensam ser
novos fenômenos. Um exemplo disto é o termo globalização que surgiu para
descrever o processo atual de unificação do globo terrestre através dos meios
de comunicação, transporte e comércio numa escala nunca antes vista na
história. Apesar de ser um fenômeno novo, a idéia não é nova. Pelo contrário, é
tão antiga quanto uma das cidades mais antigas do mundo. Para Deus globalização e Babilônia são sinônimos. A idéia central de ambas é formar
uma civilização humana unida e vencedora sobre todos os males que afligem a
humanidade, independente de Deus.
A Bíblia,
apesar de ter sido escrita há tantos anos, é o livro mais atual que existe. É
por isto que, depois do atentado de 11 de setembro de 2001, os americanos,
tanto cristãos como não cristãos, estão lendo-a como nunca. Portanto, se você
quiser realmente saber o que é globalização, leia o capítulo 18 do
Apocalipse. Lá você vai encontrar não somente uma eloqüente descrição da
prosperidade e comércio proporcionados por ela, mas também o terrível impacto
causado em todo o mundo pelo juízo de Deus sobre ela.
O meu povo
está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento (Os 4.6). Se você não
quer ser incluído nesta destruição, deve procurar com todas as suas forças
conhecer a Deus e a seus planos para o mundo antes que seja tarde demais. Não
se contente com chavões evangélicos, respostas prontas e meias verdades. O
atentado de 11 de setembro às torres gêmeas de Nova York foi um aviso muito
claro e contundente de que o plano de Deus para os últimos dias está entrando
em outra fase. No fim, não teremos desculpa, nem poderemos dizer que não
sabíamos que a hora era tão avançada.
Infelizmente,
porém, a frase do irmão David Wilkerson: As torres caíram mas perdemos o
recado! parece descrever a condição espiritual da grande maioria do povo de
Deus. Apesar de vivermos no início do século XXI, logo após o século do maior
derramamento do Espírito Santo de toda a história, e de presenciarmos o
crescimento inédito dos evangélicos em número e influência em muitas partes do
planeta, a igreja está tão emaranhada com o sistema do mundo quanto a Igreja
Católica o era durante a Idade Média. Se formos sinceros e colocarmos de lado
nossos preconceitos protestantes, seremos forçados a admitir que a figura da
prostituta montada na besta (Ap 17.1-5) retrata fielmente a dependência e os
relacionamentos escusos que a igreja atual em geral (não só a Católica) mantém
com o sistema deste mundo.
Como me disse
um amigo pastor recentemente ao descrever o estado atual da maioria das igrejas
evangélicas no Brasil: A igreja vai muito bem, mas o povo está mal. Se você
perguntar para qualquer pastor: Como vai sua igreja? A resposta sempre é
positiva, até eufórica. Quando, porém, você entra em contato com os membros,
até do ministério, as coisas estão feias pecado, depressão, crise financeira,
problemas familiares gravíssimos, adultério, amargura, confusão espiritual,
ciúme, inveja e fofoca. Por que esta disparidade Porque a igreja como firma ou
instituição está bem de caixa e com um bom número de membros, mas a vida
espiritual do povo não vai nada bem.
Em junho de
1990, meu pai, John Walker, recebeu uma palavra profética intitulada: A Queda
do Comunismo e a Destruição da Igreja. Vou citar apenas um trecho:
Desde a queda
do comunismo em 1989, a
palavra do Senhor tem sido que a igreja capitalista deve cair também. O
propósito do comunismo era estabelecer comunidade através de destruir a
família. O propósito de Deus é estabelecer comunidade através da família. O
instrumento para isto é a igreja que deve ser uma família que produz comunidade.
Deus tem agora, em nossos dias, destruído o comunismo porque este tentou
destruir a família e, portanto, nunca conseguiria produzir comunidade. Agora,
em nossos dias também, Deus está determinado a destruir a igreja acomodada que
está casada com o sistema do mundo. Ela proclama amor e comunhão, mas sem ser
uma família nunca produzirá comunidade... Temos o exemplo estonteante da China
onde o comunismo destruiu a igreja acomodada e o resultado foi um dos maiores
avivamentos do século XX, uma igreja inflamada com o amor de Deus, reunindo-se
nos lares e convertendo milhões para o Senhor Jesus em meio a feroz
perseguição. (A palavra completa está no livro Minha Jornada Espiritual).
Hoje, a
igreja não exerce o poder monolítico e unilateral que exercia na Idade Média,
mas está entrelaçada de tal forma com o sistema político, social e econômico
vigente que qualquer destruição ou juízo que viesse a cair sobre este sistema,
fatalmente a atingiria em
cheio. De fato, ela participa e depende tanto deste sistema
que, de modo geral, o nome igreja capitalista se torna extremamente
apropriado.
O problema
não é apenas as estruturas institucionais. Um problema muito mais sério é os
valores transmitidos na pregação e o tipo de fé e expectativa experimentado
pelos fiéis. Se Deus desferisse um golpe certeiro no sistema financeiro global,
fazendo com que todas as rodas da economia mundial ficassem paralisadas, com
certeza as estruturas institucionais da igreja desabariam junto com todas as
empresas seculares. Mas este não seria o problema principal! O que aconteceria
com os cristãos. Depois de ouvirem tantas mensagens sobre prosperidade
material, não se sentiriam desiludidos e lesados. Se foram ensinados a apenas
dar o dízimo e esperar a complacência benevolente de Deus sobre sua busca
desenfreada de realização e conforto individuais, o que vão pensar quando tudo
isso desmoronar Com o estilo de vida e os valores que possuem hoje, seriam
capazes de sobreviver espiritualmente? Se a parte capitalista do seu
evangelho for destruída, sobraria a parte igreja?
Apesar da
maioria das pregações de hoje afirmarem o contrário, Deus não está interessado
em abençoar nosso estilo de vida capitalista. De fato, de acordo com o capítulo
18 do Apocalipse, ele está interessado em destruí-lo! O comunismo, que era um
inimigo mais explícito do cristianismo, ele já julgou. Mas isto não quer dizer
que não julgará o capitalismo com a mesma justiça. Seu veredicto é claro:
Babilônia vai cair! E quando diz Babilônia, ele inclui todas suas múltiplas
facetas: religiosa, cultural, política, social e principalmente financeira.
Deus não se opõe apenas aos aspectos maus da civilização humana, mas também aos
aspectos bons. Ele não odeia apenas o sofrimento e a miséria, mas também
abomina o luxo, o desperdício e o egoísmo. Tudo vem da mesma árvore inicial: o
conhecimento do bem e do mal. Se o reino de Deus vai ser estabelecido na terra,
se a Nova Jerusalém vai descer dos céus para a terra, primeiro todo o sistema
humano e contrário a Deus tem de ser destruído, tanto a parte bonita e
agradável quanto a feia e desprezível.
Assim como o
comunismo começou a revelar sérias fraquezas intrínsecas muitos anos antes de
cair definitivamente, da mesma forma rachaduras gravíssimas estão aparecendo
nos alicerces do sistema capitalista. O comunismo caiu porque, além de depender
da opressão de suas populações para se manter (precisava-se de muros para
impedir o povo de fugir), não era economicamente viável. Não havia motivação
para produzir bens, pois tudo pertencia ao estado. Como um dos seus cidadãos
disse certa vez: Nós fazemos de conta que trabalhamos e o governo faz de conta
que nos paga!?
O
capitalismo, por outro lado, trabalha com uma forte motivação para produzir
bens e serviços a ganância inata do homem de ganhar e possuir cada vez mais.
Aparentemente, através de canalizar esta força da ambição egoísta do homem, o
capitalismo é muito mais bem-sucedido. Existem muitos otimistas incorrigíveis
que crêem que qualquer que seja o desafio o homem sempre será capaz de superá-lo.
Será A ganância exacerbada (termo usado recentemente pelo Banco Central dos
EUA para explicar a queda de grandes firmas por praticarem contabilidade
enganosa e fraudulenta) está levando o capitalismo à beira da falência mundial.
Vejamos
apenas um exemplo: Países do mundo em desenvolvimento pegaram muito dinheiro
emprestado dos países mais ricos e agora não conseguem tirar suas populações da
miséria porque estão sob uma carga insuportável de juros. Na prática, em termos
bíblicos, isto significa que as populações destes países estão escravizadas
pelos países ricos. Todo o produto do seu trabalho vai embora em pagamento de
juros! E para piorar as coisas, quando tentam vender seus produtos aos países
ricos para adquirir divisas para pagar estes juros, estes mesmos países
credores sobretaxam seus produtos para proteger a indústria deles. Parece que
está tudo do jeito que os ricos querem, não é Mal sabem que estão destruindo
as bases do seu próprio sistema. Sem o crescimento econômico dos países em desenvolvimento
não haverá mercado para os produtos dos países industrializados e todo o
sistema corre perigo de entrar em paralisação e colapso. Parece que nem vai
precisar de Deus para destruir Babilônia. A própria avareza do homem vai se
incumbir disto!
Portanto, se
conhecemos tudo isto, o que faremos? Se sabemos que o sistema atual está sob a
sentença de Deus e é só uma questão de tempo até que seja destruído, como
devemos agir agora? As instruções de Deus são bem claras através de toda a
Bíblia e ainda mais neste mesmo capítulo 18 do Apocalipse: ?Sai dela, povo meu,
para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas
suas pragas? (v.4). As pragas ainda não vieram, mas os pecados há muito vêm
sendo cometidos, portanto temos de tomar medidas drásticas já!
As
conseqüências de cedermos ao comodismo e ao conforto e de não agirmos agora são
terríveis. Como exemplo podemos lembrar dos judeus na Alemanha antes da Segunda
Guerra Mundial. Aqueles que perceberam o rumo que as coisas estavam tomando
naqueles anos e tiraram suas famílias da Alemanha, às vezes com prejuízos
altíssimos, deixando bens e carreiras para começar tudo do zero nos EUA e
outros lugares, escaparam do Holocausto que destruiu a maioria. Por que muitos
outros não fizeram isto? O custo era muito alto e não acreditavam que a
situação chegaria a tal ponto. Da mesma forma hoje, os cristãos que começarem a
perceber no horizonte a formação das nuvens escuras desta tempestade final do
juízo de Deus, vão agir de forma decisiva e radical para se desvencilharem do
sistema.
Mas em que
consistiria este distanciamento do sistema? Teríamos que abandonar nossos
empregos, empresas e atividades profissionais e mudar para algum lugar no
interior e comprar terra para produzir nossos próprios alimentos? Deveríamos
formar comunidades rurais?
Não! Pode até
ser que chegue a hora em que muitos comecem a ser dirigidos por Deus a dar
passos deste tipo. Mas, com certeza, o processo de obediência à voz do Espírito
não começa desta forma. Se não acontecer uma radical mudança interior nos
cristãos, de nada adiantará formar uma comunidade rural. De onde você acha que
surgiu o sistema? Da inteligência e criatividade humanas motivadas pelo
egocentrismo do homem sem Deus. O capitalismo é mau porque o homem é mau assim
como o comunismo é mau porque o homem é mau. Portanto, se não houver uma troca
de valores e princípios, formaremos uma mini-Babilônia no interior, só que
muitas vezes inferior à Babilônia mundial que levou anos de esforços e
aprendizagem para chegar ao ponto onde está agora.
Salomão
disse: ?Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele
procedem as fontes da vida? (Pv 4.23). Jesus concordou com isto quando disse
que não é o que entra no homem que o contamina, mas sim o que sai de dentro, do
seu coração (Mt 15.11,17-20). As cadeias que nos amarram ao sistema não são
essencialmente externas e sim internas. São estas amarras que precisam ser
arrebentadas, mas se os cristãos continuarem a ouvir o tipo de evangelho que se
prega por toda parte, ao invés de serem quebradas, vão ficar cada vez mais
fortes!
Antes da
ênfase atual sobre prosperidade, a igreja tomava uma posição de neutralidade em
relação ao dinheiro e às riquezas. O assunto não era enfatizado, pois cria-se
que a igreja devia se preocupar com o céu e não com a terra, com a salvação da
alma e não com o cuidado com o corpo. Hoje o cristão é exortado ativamente a
buscar o sucesso financeiro e a realização pessoal aqui e agora e a crer que
Deus vai ajudá-lo nesta busca. Ambas as posições, tanto de neutralidade ou
indiferença quanto de interesse próprio, estão erradas. O dinheiro é um assunto
espiritual. Não pode ser ignorado ou deixado num compartimento à parte. Deus
não está preocupado apenas com o destino de nossa alma depois da morte, mas
principalmente com nosso caráter, nossa semelhança com ele, aqui e agora, e o
dinheiro tem muito a ver com isto. Não podemos ser neutros sobre este assunto,
nem correr atrás das riquezas e dos bens materiais como os descrentes fazem. Temos
de buscar a vinda do reino de Deus, do senhorio de Cristo, sobre nossos
corações, nossas atitudes e nossa maneira de ganhar e gastar dinheiro.
Quais seriam,
então, estas correntes internas que nos prendem ao sistema? Não é o nosso
propósito, nem seria possível, esgotar o assunto neste artigo. Rick Joyner, no
seu artigo ?Saia da Prisão? (Impacto nº 4, março/abril 1999), descreve várias
destas correntes que são: Idolatria ou confiar mais no dinheiro do que no
Senhor, Urgência ou compulsão de comprar coisas desnecessárias, Insatisfação
com o que tem, Preguiça e Mesquinhez. (Se você não tem esta edição da Impacto
seria muito bom adquiri-la e estudar este artigo com atenção, pois contém
princípios muito importantes.)
Mas uma das
maiores correntes que nos prendem ao sistema é a Dívida. Veja algumas das
afirmações de Rick Joyner sobre este assunto: ?A razão número um por que muitos
cristãos não são livres para responder ao chamado de Deus para suas vidas é
dívida...?
?O alvo do
Senhor para cada um do seu povo é que seja financeiramente independente. A
definição da verdadeira independência financeira é estar numa posição onde
nunca temos que tomar uma decisão com base em considerações financeiras, mas
simplesmente na vontade de Deus.
?As riquezas
materiais da terra foram dadas por Deus para abençoar o homem e fazer parte do
seu domínio sobre a terra, mas ao invés disso, elas têm se levantado para
dominar e escravizar o homem. Esta escravidão ao reino material nos impede de
percepção e vida espirituais. É principalmente através da dívida que o mundo
material tem conquistado domínio sobre o homem ocidental. Este jugo de dívida
tem de ser quebrado se quisermos experimentar o poder e realidade espirituais
aos quais fomos chamados.?
Salomão diz:
?Quem toma emprestado é escravo de quem empresta? (Pv 22.7, BV). Se isto era
verdade em seus dias, hoje é mais ainda. Vou explicar. A dívida escraviza
porque representa o gasto presente de um trabalho futuro. Contraímos dívidas
porque gastamos hoje algo que ainda não ganhamos. Conseqüentemente, até a
dívida ser paga, todo nosso trabalho e rendimentos realmente não pertencem mais
a nós, mas aos nossos credores. Se isto é deprimente, imagine como o cenário
pode piorar! Acrescente um elemento que faz esta dívida crescer exponencialmente
sem qualquer ação da sua parte! Como se chama este elemento? Juros Compostos!
Neste caso, além de ter de trabalhar para seu carrasco (credor!), para devolver
o valor que emprestou dele, você terá de continuar trabalhando quase
indefinidamente pelo privilégio de ter antegozado o fruto do seu trabalho. Pela
vantagem de antecipar o usufruto de algum bem ou serviço, você acaba pagando
por ele muitas vezes o seu valor! E dizem que a escravidão foi abolida! Veja
nos quadros e exemplos abaixo como isto funciona:
Alguém que
depositou R$100,00 na poupança num banco no dia 1 de julho de 1994 (data de
lançamento do Real), teria hoje R$195,36 (usando-se uma taxa média de 0,7% ao
mês). Se esse mesmo alguém tivesse sacado R$100,00 no Cheque Especial, na mesma
data, teria hoje uma dívida de R$139.259,00 no mesmo banco. Ou seja: Com
R$100,00 de Cheque Especial, você fica devendo 9 carros populares, e com o da
poupança, consegue comprar apenas 2 pneus!
O sistema
capitalista atual está construído neste sistema de gastar o futuro no presente
e depois pagar muitas vezes mais por ele. As artimanhas, esquemas e armadilhas
usadas para escravizar os incautos e colocá-los a serviço dos ?espertos? são
literalmente inumeráveis. É praticamente impossível saber a quantia exata de
juros que cada um de nós está pagando, por estarem tão bem escondidos por todo
canto de nossas vidas financeiras. No caso das dívidas com bancos,
financiadoras e operadoras de cartões de crédito, os valores são mais
explícitos. Já os juros que vêm embutidos nos preços de tudo que você compra a
prazo, eletrodomésticos, viagens e automóveis, nem sempre são perceptíveis, mas
nem por isto deixam de minar suas finanças. Por exemplo, quantas vezes você já
viu a propaganda: ?10 vezes sem juros?? Compare o mesmo produto em algum lugar
que venda à vista e verá quantos juros estão embutidos no preço ?sem juros?!
Portanto,
amado leitor, aceite estas exortações como um alerta de Deus para acordá-lo do
sono para buscar a estratégia divina para se livrar dos laços deste sistema
maldito. A Palavra de Deus está cheia de exortações semelhantes. João Batista
clamava aos seus ouvintes para ?fugirem da ira vindoura? (Mt 3.7). Pedro, no
dia de Pentecoste, insistia com o povo que o ouvia dizendo: ?Salvai-vos desta
geração perversa? (At 2.40), e Paulo exorta a Timóteo: ?Mas tu, ó homem de
Deus, foge destas coisas (amor ao dinheiro, desejo de ficar rico ? vv.9,10), e
segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão? (1 Tm
6.11).
Comece a
sonhar com a liberdade que Deus planejou para sua vida e para todo o seu povo.
Não uma liberdade para ?curtir? a vida, procurar realização pessoal ou achar
segurança financeira, mas a liberdade de não dever nada a ninguém e poder
obedecer a Deus, seja qual for a ordem que ele lhe der. A liberdade de dar para
os necessitados e ajuntar um tesouro no céu, onde o ladrão não rouba e a traça
e a ferrugem não consomem. A liberdade de começar desde já a não considerar
nenhum dos seus bens como o seu mas como algo que o Senhor lhe deu para cuidar
e para usar para a sua glória. Sonhe com um povo dedicado ao Senhor, apaixonado
por ele, e que serve uns aos outros, assim como muitas famílias naturais o
fazem e como a igreja em Atos fazia. Sonhe sozinho, sonhe com Deus e sonhe com
outros irmãos. Deus certamente há de dirigi-lo no caminho certo e à medida que
caminhar descobrirá que muitos outros também estão sendo dirigidos para o mesmo
caminho.
Não existe
uma fórmula mágica ou um manual de instruções que possamos seguir para garantir
nossa libertação do sistema. Precisamos buscar do Senhor passos práticos e
drásticos para que de fato nossos corações fiquem cada vez mais livres de todo
peso e ?do pecado que tão de perto nos rodeia? e para que possamos correr a
carreira que nos está proposta com uma carga cada vez mais leve. Que Deus nos
ajude!
As
conseqüências de cedermos ao comodismo e ao conforto e de não agirmos agora são
terríveis. Como exemplo podemos lembrar dos judeus na Alemanha antes da Segunda
Guerra Mundial. Aqueles que perceberam o rumo que as coisas estavam tomando
naqueles anos e tiraram suas famílias da Alemanha, às vezes com prejuízos
altíssimos, deixando bens e carreiras para começar tudo do zero nos EUA e
outros lugares, escaparam do Holocausto que destruiu a maioria. Por que muitos
outros não fizeram isto? O custo era muito alto e não acreditavam que a
situação chegaria a tal ponto. Da mesma forma hoje, os cristãos que começarem a
perceber no horizonte a formação das nuvens escuras desta tempestade final do
juízo de Deus, vão agir de forma decisiva e radical para se desvencilharem do
sistema.
Mas em que
consistiria este distanciamento do sistema? Teríamos que abandonar nossos
empregos, empresas e atividades profissionais e mudar para algum lugar no
interior e comprar terra para produzir nossos próprios alimentos? Deveríamos
formar comunidades rurais?
Não! Pode até
ser que chegue a hora em que muitos comecem a ser dirigidos por Deus a dar
passos deste tipo. Mas, com certeza, o processo de obediência à voz do Espírito
não começa desta forma. Se não acontecer uma radical mudança interior nos
cristãos, de nada adiantará formar uma comunidade rural. De onde você acha que
surgiu o sistema? Da inteligência e criatividade humanas motivadas pelo
egocentrismo do homem sem Deus. O capitalismo é mau porque o homem é mau assim
como o comunismo é mau porque o homem é mau. Portanto, se não houver uma troca
de valores e princípios, formaremos uma mini-Babilônia no interior, só que
muitas vezes inferior à Babilônia mundial que levou anos de esforços e
aprendizagem para chegar ao ponto onde está agora.
Salomão
disse: ?Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele
procedem as fontes da vida? (Pv 4.23). Jesus concordou com isto quando disse
que não é o que entra no homem que o contamina, mas sim o que sai de dentro, do
seu coração (Mt 15.11,17-20). As cadeias que nos amarram ao sistema não são
essencialmente externas e sim internas. São estas amarras que precisam ser
arrebentadas, mas se os cristãos continuarem a ouvir o tipo de evangelho que se
prega por toda parte, ao invés de serem quebradas, vão ficar cada vez mais
fortes!
Antes da
ênfase atual sobre prosperidade, a igreja tomava uma posição de neutralidade em
relação ao dinheiro e às riquezas. O assunto não era enfatizado, pois cria-se
que a igreja devia se preocupar com o céu e não com a terra, com a salvação da
alma e não com o cuidado com o corpo. Hoje o cristão é exortado ativamente a
buscar o sucesso financeiro e a realização pessoal aqui e agora e a crer que
Deus vai ajudá-lo nesta busca. Ambas as posições, tanto de neutralidade ou
indiferença quanto de interesse próprio, estão erradas. O dinheiro é um assunto
espiritual. Não pode ser ignorado ou deixado num compartimento à parte. Deus
não está preocupado apenas com o destino de nossa alma depois da morte, mas
principalmente com nosso caráter, nossa semelhança com ele, aqui e agora, e o
dinheiro tem muito a ver com isto. Não podemos ser neutros sobre este assunto,
nem correr atrás das riquezas e dos bens materiais como os descrentes fazem.
Temos de buscar a vinda do reino de Deus, do senhorio de Cristo, sobre nossos
corações, nossas atitudes e nossa maneira de ganhar e gastar dinheiro.
Quais seriam,
então, estas correntes internas que nos prendem ao sistema? Não é o nosso
propósito, nem seria possível, esgotar o assunto neste artigo. Rick Joyner, no
seu artigo ?Saia da Prisão? (Impacto nº 4, março/abril 1999), descreve várias destas
correntes que são: Idolatria ou confiar mais no dinheiro do que no Senhor,
Urgência ou compulsão de comprar coisas desnecessárias, Insatisfação com o que
tem, Preguiça e Mesquinhez. (Se você não tem esta edição da Impacto seria muito
bom adquiri-la e estudar este artigo com atenção, pois contém princípios muito
importantes.)
Mas uma das
maiores correntes que nos prendem ao sistema é a Dívida. Veja algumas das
afirmações de Rick Joyner sobre este assunto:
?A razão
número um por que muitos cristãos não são livres para responder ao chamado de
Deus para suas vidas é dívida...?
?O alvo do
Senhor para cada um do seu povo é que seja financeiramente independente. A
definição da verdadeira independência financeira é estar numa posição onde
nunca temos que tomar uma decisão com base em considerações financeiras, mas
simplesmente na vontade de Deus.
?As riquezas
materiais da terra foram dadas por Deus para abençoar o homem e fazer parte do
seu domínio sobre a terra, mas ao invés disso, elas têm se levantado para
dominar e escravizar o homem. Esta escravidão ao reino material nos impede de
percepção e vida espirituais. É principalmente através da dívida que o mundo
material tem conquistado domínio sobre o homem ocidental. Este jugo de dívida
tem de ser quebrado se quisermos experimentar o poder e realidade espirituais
aos quais fomos chamados.?
Salomão diz:
?Quem toma emprestado é escravo de quem empresta? (Pv 22.7, BV). Se isto era
verdade em seus dias, hoje é mais ainda. Vou explicar. A dívida escraviza porque
representa o gasto presente de um trabalho futuro. Contraímos dívidas porque
gastamos hoje algo que ainda não ganhamos. Conseqüentemente, até a dívida ser
paga, todo nosso trabalho e rendimentos realmente não pertencem mais a nós, mas
aos nossos credores. Se isto é deprimente, imagine como o cenário pode piorar!
Acrescente um elemento que faz esta dívida crescer exponencialmente sem
qualquer ação da sua parte! Como se chama este elemento? Juros Compostos! Neste
caso, além de ter de trabalhar para seu carrasco (credor!), para devolver o
valor que emprestou dele, você terá de continuar trabalhando quase
indefinidamente pelo privilégio de ter antegozado o fruto do seu trabalho. Pela
vantagem de antecipar o usufruto de algum bem ou serviço, você acaba pagando
por ele muitas vezes o seu valor! E dizem que a escravidão foi abolida! Veja
nos quadros e exemplos abaixo como isto funciona:
Alguém que
depositou R$100,00 na poupança num banco no dia 1 de julho de 1994 (data de
lançamento do Real), teria hoje R$195,36 (usando-se uma taxa média de 0,7% ao
mês). Se esse mesmo alguém tivesse sacado R$100,00 no Cheque Especial, na mesma
data, teria hoje uma dívida de R$139.259,00 no mesmo banco. Ou seja: Com
R$100,00 de Cheque Especial, você fica devendo 9 carros populares, e com o da
poupança, consegue comprar apenas 2 pneus!
O sistema
capitalista atual está construído neste sistema de gastar o futuro no presente
e depois pagar muitas vezes mais por ele. As artimanhas, esquemas e armadilhas
usadas para escravizar os incautos e colocá-los a serviço dos ?espertos? são
literalmente inumeráveis. É praticamente impossível saber a quantia exata de
juros que cada um de nós está pagando, por estarem tão bem escondidos por todo
canto de nossas vidas financeiras. No caso das dívidas com bancos,
financiadoras e operadoras de cartões de crédito, os valores são mais
explícitos. Já os juros que vêm embutidos nos preços de tudo que você compra a
prazo, eletrodomésticos, viagens e automóveis, nem sempre são perceptíveis, mas
nem por isto deixam de minar suas finanças. Por exemplo, quantas vezes você já
viu a propaganda: ?10 vezes sem juros?? Compare o mesmo produto em algum lugar
que venda à vista e verá quantos juros estão embutidos no preço ?sem juros?!
Portanto,
amado leitor, aceite estas exortações como um alerta de Deus para acordá-lo do
sono para buscar a estratégia divina para se livrar dos laços deste sistema
maldito. A Palavra de Deus está cheia de exortações semelhantes. João Batista
clamava aos seus ouvintes para ?fugirem da ira vindoura? (Mt 3.7). Pedro, no
dia de Pentecoste, insistia com o povo que o ouvia dizendo: ?Salvai-vos desta
geração perversa? (At 2.40), e Paulo exorta a Timóteo: ?Mas tu, ó homem de
Deus, foge destas coisas (amor ao dinheiro, desejo de ficar rico ? vv.9,10), e
segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão? (1 Tm
6.11).
Comece a
sonhar com a liberdade que Deus planejou para sua vida e para todo o seu povo.
Não uma liberdade para ?curtir? a vida, procurar realização pessoal ou achar segurança
financeira, mas a liberdade de não dever nada a ninguém e poder obedecer a
Deus, seja qual for a ordem que ele lhe der. A liberdade de dar para os
necessitados e ajuntar um tesouro no céu, onde o ladrão não rouba e a traça e a
ferrugem não consomem. A liberdade de começar desde já a não considerar nenhum
dos seus bens como o seu mas como algo que o Senhor lhe deu para cuidar e para
usar para a sua glória. Sonhe com um povo dedicado ao Senhor, apaixonado por
ele, e que serve uns aos outros, assim como muitas famílias naturais o fazem e
como a igreja em Atos fazia. Sonhe sozinho, sonhe com Deus e sonhe com outros
irmãos. Deus certamente há de dirigi-lo no caminho certo e à medida que
caminhar descobrirá que muitos outros também estão sendo dirigidos para o mesmo
caminho.
Não existe
uma fórmula mágica ou um manual de instruções que possamos seguir para garantir
nossa libertação do sistema. Precisamos buscar do Senhor passos práticos e
drásticos para que de fato nossos corações fiquem cada vez mais livres de todo
peso e ?do pecado que tão de perto nos rodeia? e para que possamos correr a
carreira que nos está proposta com uma carga cada vez mais leve. Que Deus nos
ajude!
Autor: Espirito Santo de Deus...
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