Por Sam Shamoun
Tradução de Wesley Nazeazeno
Isto pode vir como uma grande surpresa para muitos,
ouvirem que o Alcorão implicitamente afirma que os ensinos de Apóstolo
Paulo, o qual veio a ser o alicerce do Cristianismo, são derivados de
Cristo. Em outras palavras, o Alcorão indiretamente testifica que a
teologia do Apóstolo Paulo não foi algo que ele simplesmente forjou com
o intuito de conseguir convertidos dos Gentios, mas sim algo de Deus
através de Cristo.
Antes de apresentarmos as evidências, gostaríamos
de primeiro esclarecer nossas razões por apelar para o Alcorão. Nós não
cremos que o Alcorão é a palavra de Deus. Entretanto, nós cremos que o
Alcorão é um registro antigo do que os primeiros Muçulmanos creram.
Sendo assim, o Alcorão se tornou uma fonte importante de informações
para descobrir as crenças oficiais dos primeiros Muçulmanos.
À luz disso, isto leva-nos a repetir que o Alcorão
testifica que o Cristianismo proclamado por Paulo (i.e., o Cristianismo
“Paulino”) é o Cristianismo verdadeiro.
Nós baseamos nossa posição na declaração do Alcorão
de que os verdadeiros crentes em Cristo prevaleceriam sobre os
descrentes até o Dia da Ressurreição:
“E quando Deus disse: Ó Jesus, por certo que
porei termo à tua estada na terra; ascender-te-ei até Mim e
salvar-te-ei dos incrédulos, fazendo PREVALECER sobre eles os teus prosélitos, ATÉ O DIA DA RESSURREIÇÃO. Então, a Mim será o vosso retorno e julgarei as questões pelas quais divergis.” Surata 3:55
“Ó fiéis, sede os auxiliadores de Deus, como
disse Jesus, filho de Maria, aos discípulos: Quem são os meus
auxiliadores, na causa de Deus? Responderam: Nós somos os auxiliadores
de Deus! Acreditou, então, uma parte dos israelitas, e outra
desacreditou; então, socorremos os fiéis contra seus inimigos, E ELES SAÍRAM VITORIOSOS.” Surata 61:14
De acordo com estas passagens, Allá deu poder aos
seguidores de Cristo para prevalecerem sobre os descrentes, e os fez
vitoriosos (literalmente, ‘superiores’)até o dia da ressurreição. Não
obstante, aqueles que prevaleceram foram os Apóstolos como Paulo e
também seus seguidores. Isto significa que se o Alcorão está correto,
então a mensagem de Paulo é a verdade já que ela se tornou dominante e
tem prevalecido sobre todas as mensagens opostas a ela.
Sayyid Outh comenta sobre a Surata 3:55:
... isto também foi da vontade de Deus de elevar os seguidores de Jesus sobre os descrentes até o Dia da Ressurreição...
Não é difícil, por outro lado, explicar a afirmação
de Deus de que Ele tem estabelecido aqueles que seguem a Jesus sobre
os descrentes, e que esta elevação continua até o Dia da Ressurreição.
Aqueles que seguem Jesus são aqueles que creram na verdadeira religião
de Deus, o Islã, ou se entregam a Deus. Cada profeta está totalmente
atento à verdadeira natureza desta religião. Cada mensageiro pregou a
mesma religião e cada um que verdadeiramente crê através da fé Divina
acredita nisto. Estes crentes são de fato muito mais superiores aos
descrentes, segundo a medida de Deus, e eles continuarão a ser até o
Dia do Julgamento. Além disso, eles provam sua superioridade em nossa
vida prática em cada vez que eles confrontam forças da fé irreal com a
verdadeira natureza da fé e a realidade de se seguir os mensageiros de
Deus. A fé divina é uma, como foi pregada por Jesus, filho de Maria, e
como foi pregada por cada mensageiro enviado antes dele e pelo
mensageiro enviado após ele. Aqueles que seguem Mohamed ao mesmo tempo
seguem todos mensageiros enviados por Deus, começando por Adão até o
último dos mensageiros. (In the Shade of the Qur’an – Fi Zilal al-Qur’an, Volume
2, Surata 3, traduzido para o inglês e editado por Adil Salahi &
Ashur Shamis [The Islamic Foundation, 2000], pp. 97-98
O problema com a declaração de Outb é que os
crentes Cristãos que prevaleceram sobre todos não foram Muçulmanos e
sua mensagem certamente não foi o Islã. Consequentemente, ou os
verdadeiros seguidores de Cristo foram derrotados, o que faria o
Alcorão ser falso por dizer que eles dominariam; ou o Alcorão é falso
desde o começo porque contradiz a verdadeira mensagem dos seguidores de
Cristo.
Em resposta à questão concernente ao 3:55, Moiz Amjad escreve:
Este verso se relaciona à lei relativa aos
mensageiros de Deus. Como uma punição aos que rejeitaram Jesus (paz
seja sobre ele), o Alcorão tem mencionado que ao tempo da decisão de
Deus relativa ao término da missão de Jesus (paz seja sobre ele), Deus
declarou que após ele, aqueles que creram em Jesus (paz seja sobre ele)
dominariam aqueles que o rejeitaram (i.e., os Judeus) até o Dia do
Julgamento. No verso referido, aqueles que creram em Jesus (paz seja sobre ele) refere-se aos Cristãos. Isto
está claro nos dias atuais, a coletividade dos Judeus está
completamente dependente da coletividade dos Cristãos porque são eles
que mantêm sua existência. (Fonte; ênfase em negrito são nossas).
Maulana Muhammad Ali escreve sobre S. 3:55:
... Este verso contém quatro promessas relativas ao
triunfo de Jesus sobre seus inimigos e os planos deles... E a quarta
promessa é que aqueles que seguem Jesus devem ser feitos dominantes
sobre aqueles que rejeitam até o dia do Julgamento. A verdade desta
quarta profecia é testemunhada NESTES DIAS no domínio dos Cristãos sobre
os Judeus. (Ali, Holy Quran [Ahmadiyyah Anjuman Isha’at Islam Lahore Inc. USA, 1995], pp. 147-148, fn. 439; negrito e letras maiúsculas são nossas)
Aqui estão suas afirmações sobre S. 61:14:
... A descrição aplica-se ao triunfo dos ensinos de Cristo sobre aqueles que se opuseram à disseminação de seus ensinos, e
fala profeticamente do ultimato triunfal do Islã sobre todas as outras
religiões do mundo. (Ibid., p. 1058, fn. 2501; ênfase em negrito é
nossa)
Ali falha em mencionar que os ensinos que dominaram
foram aqueles transmitidos por Paulo (a qual é a mesma mensagem
pregada por Cristo e pelos outros discípulos)!
A. Yusuf Ali, em sua tradução The Holy Qur’na – Text and Commentary, p. 1543, nota de rodapé 5448, diz:
Uma porção dos Filhos de Israel – aqueles que
realmente se preocuparam com a Verdade – creu em Jesus e seguiram sua
orientação. Mas a maior porção deles era de corações duros e
permaneceram em seu caminho surrado de formalismo e falso orgulho
racial. A maioria parecia ter a vantagem quando eles pensaram ter
crucificado Jesus e ter matado a sua Mensagem. Mas seus sentidos
rapidamente voltaram. Jerusalém foi destruída por Tito em 70 a.D. e os
Judeus têm vivido fugindo deste então... ... Por outro lado, aqueles
que seguiram Jesus PERMEARAM o Império Romano, trazendo muitas novas
raças para seu círculo, e, através do Império Romano, o Cristianismo se
tornou a religião predominante do mundo até o advento do Islã... (negrito e maiúsculas são nossas)
O que desta vez Ali falhou em notar é que a forma
do Cristianismo que permeou o Império Romano é o que os Muçulmanos com o
intuito de degradar chamam de Cristianismo “Paulino”. Por esta razão,
que a mensagem de Paulo dominou é um sinal que seu Evangelho é aquele
que Deus confiou aos verdadeiros seguidores de Cristo. Se argüirem que a
versão de Paulo sobre o Cristianismo é uma aberração da verdade, isto
significa que o Alcorão está errado por declarar que Deus providenciou
que os verdadeiros seguidores de Cristo prevalecessem. Isto
significaria que Paulo era capaz de frustrar os propósitos de Allá,
sendo capaz de prevenir os verdadeiros crentes de dominar sobre seus
inimigos.
Aqui está o comentário posterior de Abu Al’a Maududi sobre a S. 61:24:
... Aqueles que não creram em Jesus Cristo são os Judeus, e aqueles que creram nele são os Cristãos bem como os Muçulmanos, e Allá garantiu-lhes domínio sobre os descrentes de Cristo. Seu significado requer [sic] que os Muçulmanos bem como os crentes em Cristo têm dominado sobre seus descrentes no passado, e então os crentes do Profeta Mohamed (sobre quem está a paz de Allá) prevalecerão sobre os infiéis. (Meaning of the Qur’an,
Volume V, desenvolvimento para o inglês de A.A. Kamal, M.A. [Islamic
Publications (Pvt.) Limited, 13-E, Shahalam Market, Lahore-8,
Paquistão], p. 516, fn. 21; ênfases sublinhadas são nossas)
Como pudemos notar anteriormente, o problema óbvio
com a explicação de Maududi é que a mensagem dos verdadeiros fiéis a
Cristo se contradiz diretamente com a mensagem do Islã. Isto é, se
alguém quiser dizer que a verdadeira mensagem de Cristo foi distorcida e
uma falsa mensagem prevaleceu sobre ela, isto seria ao menos uma
declaração que contradiz a leitura clara das passagens em questão.
Assim Maulana Abdul Majid Daryabadi, enquanto comenta a última parte da S. 61:14, declara:
... (e nem o Mensageiro NEM A MENSAGEM poderia ser destruída). (Tafsir-Ul-Qur’an Translation and Commentary of the Holy Qur’an,
Volume IV [Darul-Ishaat Urdu Bazar, Karachi-l, Paquistão; Primeira
Edição: 1991], p. 356, fn. 270; ênfase em letras maiúsculas são nossas)
Novamente, se o Cristianismo “Paulino” é uma
corrupção dos verdadeiros ensinos de Jesus, então a mensagem foi
destruída e Allá falhou em fazer acontecer o que ele disse que
aconteceria!
O notório comentarista Muçulmano Ibn Kathir tem declarações mais interessantes. Comentando sobre S. 3:55, ele escreve:
“É isto o que aconteceu. Quando Allá elevou ‘Isa
(i.e. Jesus) ao céu, seus seguidores se dividiram em seitas e grupos.
Alguns deles creram no que Allá enviou, em ‘Isa como servo de Allá, Seu
Mensageiro e filho de Sua serva.
Entretanto, alguns deles foram ao extremo oposto de
‘Isa, crendo que ele era o filho de Allá. Alguns deles disseram que
‘Isa era o próprio Allá, enquanto outros disseram que ele era um da
Trindade. Allá mencionou estas falsas crenças no Alcorão e as refutou.
Os Cristãos permaneceram assim até o terceiro século, quando um rei
Grego chamado Constantino se tornou um Cristão com o propósito de
destruir o Cristianismo. Constantino foi um filósofo ou então era
apenas um simples ignorante. Constantino mudou a religião de ‘Isa
adicionando ou subtraindo coisas dela. Ele estabeleceu os rituais do
Cristianismo e a tão falada Grande Verdade que é de fato a Grande
Traição. Ele também os permitiu comer a carne de suínos, construir
igrejas para ‘Isa e adicionou dez dias para o jejum como uma compensação
por algum pecado que ele tenha cometido, como foi declarado. Então a
religião de ‘Isa se tornou a religião de Constantino, que construiu
igrejas por mais de doze séculos, templos e monastérios para os
Cristãos, tão apropriadamente quando uma cidade que tem seu nome,
Constantinopla (Istambul). EM TODO ESTE TEMPO, os Cristãos tiveram
vantagem e dominaram os Judeus. ALLÁ OS AJUDOU CONTRA OS JUDEUS PORQUE
ELES ESTÃO AINDA MAIS PERTO DA VERDADE DO QUE OS JUDEUS, mesmo que ambos
os grupos fossem e ainda são descrentes, de modo que a maldição de
Allá pode cair sobre eles.” (Tafsir Ibn Kathir (Abridged), Volume 2, Partes 3, 4 e 5 (Surata Al-Baqarah, Verso 253, para Surata An-Nisa, Verso 147),
abrigado por um grupo de estudiosos sob a supervisão do Xeique
Safiur-Rahman Al-Mubarakpuri [Darussalam Publisher & Distributors
Riyadh, Houston, Nova Iorque, Lahore; Primeira Edição: Março de 2000],
p. 171; ênfases em negrito e maiúsculo são nossas; cf. versão online.
A explicação de Kathir não resolve o problema, pois
se o Alcorão é correto, então o Cristianismo que Ibn Kathir ataca de
fato também é verdadeiro. De outra maneira, o comentário de Ibn Kathir
implica que Allá ou permitiu que uma forma falsa de Cristianismo
prevalecesse ou então falhou em garantir o domínio dos verdadeiros fiéis
de Cristo sobre aqueles que procuravam perverter os verdadeiros
ensinos de Jesus!
Outro renomado comentarista, Al-Qurtubi, diz sobre a Surata 61:14:
Foi dito que ESTE VERSO foi revelado sobre os apóstolos de Jesus,
que a paz e a benção sejam sobre ele. Ibn Ishaq declarou que dos
apóstolos e discípulos que Jesus enviou (para pregar) estavam Pedro E PAULO que foi para Roma;
André e Mateus que foram para uma terra de canibais; Tomás que foi
para Babilônia nas terras orientais; Felipe que foi para a África; João
que foi para Dac-sos (?) que é uma tribo onde os que dormem em
cavernas viveram; Jacó foi para Jerusalém; Bartolomeu foi para as
terras da Arábia, especificamente para Al-Hijaz; Simão foi para os
Bárbaros; Judas e Barthas (?) foram para a Alexandria e em suas regiões
circunvizinhas.
Allá os sustentou (os apóstolos) com a evidência de que eles prevaleceram (tharirin),
significando que eles se tornariam o grupo vantajoso. Exatamente foi é
dito, “Um objeto apareceu na parede” significando que isto é
claramente visível (alu-wat) na parede. Allá, que é glorificado e exaltado, conhece bem melhor a verdade e a Ele pertence o retorno e abrigo. (Fonte; traduzido para o Inglês por Dimitrius, ênfases no texto são nossas)
Perceba como al-Qurtubi não teve receio em admitir
que Paulo foi um legítimo seguidor de Cristo! Se al-Qurtubi está
correto, então isto significa que Paulo foi um dos seguidores aos quais
Deus deu poder para se sobrepor aos descrentes e prevalecer!
O próximo escritor, um moderado, faz a seguinte
admissão bem sincera em referência ao 3:54 e 61:14 (comentários dentro
de [ ] são nossos):
Os leitores Cristãos estarão especialmente
interessados em aprender que o Alcorão ensina que Jesus foi o melhor
profeta de Deus, e que os Cristãos estarão colocados acima dos
não-crentes até o Dia do Julgamento. Te surpreende saber que o Alcorão
pode ter sido planejado para os Cristãos, para confirmar tudo que eles
têm ensinado sobre Cristo? (Dr. Nader Pourhassan, The Corruption of Moslem Minds [Barbed Wire Publishers, Las Cruces, New Mexico 2002] pp. 61-62)
Na primeira vez em que li este verso [3:54] no
Alcorão, eu dificilmente pude acreditar em meus olhos. Ainda hoje, com
qualquer Muçulmano que discuto sobre este verso fica chocado. No
Alcorão, Deus diz a todos Muçulmanos que os seguidores de Jesus serão
exaltados acima dos infiéis até o Dia da Ressurreição. Enquanto há
alguns versos no Alcorão que prometem o mundo para o povo Muçulmano se
eles seguirem seus ensinamentos, eles são seguidos por predições de que
eles irão desobedecer a seu livro sagrado, e não conservarão
seus mandamentos. A predição de Deus de que os Cristãos terão sucesso
em seus feitos é ainda mais esclarecedora nos versos seguintes [o autor
cita 61:14] ...” (Ibid, pp.103-104)
Muitos Muçulmanos obtém seu entendimento do Alcorão
através de interpretações de seus líderes religiosos. Poucos
questionam aquilo que lhes é posto para acreditar. Mas o livro sagrado
contém muitas mensagens que podem chocá-los por sua complacência. Por
exemplo, no Alcorão há um verso dizendo [cita 3:54] ...
O verso acima simplesmente diz que os Cristãos estarão acima dos não-crentes até a ressurreição. Além disso, o Alcorão afirma:
“Não hesitem e sintam-se entristecidos já que vocês são superiores, se vocês são crentes.”
A conclusão mais racional para isto é que ao longo
de todos crentes, quer sejam Judeus, Cristãos ou Muçulmanos, somente um
grupo estará acima dos descrentes e somente um grupo será superior.
Este grupo será composto dos crentes que são seguidores de Jesus
(Cristãos) ... (Ibid, p. 119)
Consequentemente, os Muçulmanos estão num dilema
que eles próprios não podem resolver facilmente. Isto é, aceitar o
Alcorão é aceitar o Cristianismo “Paulino”. E ainda, aceita o
Cristianismo “Paulino” é rejeitar o Alcorão, já que o Alcorão contradiz a
essência do ensino de Paulo que tem sido preservado nas páginas da
Bíblia Sagrada e também através da história pelos verdadeiros Cristãos.
Um Muçulmano pode desejar argumentar que estes
versos referem-se a Mohamed e aos Muçulmanos como sendo aqueles que
verdadeiramente crêem em Cristo e dominam até o dia da Ressurreição.
Esta explicação falha em resolver o problema. As passagens não dizem que
os seguidores de Cristo somente prevaleceriam a partir do tempo do
advento de Mohamed, mas a partir do momento em que Cristo foi tomado por Deus até o Dia da Ressurreição.
De fato, esta visão Muçulmana pode ser encontrada no comentário de Mufti Shafi’ Uthmani, que escreve sobre a Surata 61:14:
Baghawi interpreta este verso à luz da narração de
Sayyidna Ibn ‘Abbas que quando o profeta ‘Isa foi elevado ao céu, seus
seguidores discordaram e se tornaram três grupos. Um grupo afirmou que
Ele próprio era Deus e que teve que voltar ao céu. O segundo grupo
declarou que Ele próprio não era Deus, mas o filho de Deus. Deus o
tomou e o salvou dos inimigos e garantiu-lhe superioridade. O terceiro
grupo proclamou a verdade e disse que ele não era deus e nem o filho de
deus, mas que ele era um servo de Allá e Seu Mensageiro. Allá o tomou
para o céu para protegê-lo de seus inimigos e aumentou-lhe o prestígio.
Aquelas pessoas foram os verdadeiros crentes. Os grupos conflitaram
com o outro grupo. O grupo dos não-crentes dominou o terceiro grupo que
era dos verdadeiros crentes. Eventualmente, Allá trouxe o Mensageiro
Final de Allá que deu suporte ao grupo dos verdadeiros crentes. Deste
modo este grupo dominou os outros por causa de sua crença correta e
suas provas sólidas confirmadas pelos Alcorão. [Mazhari]
Nesta interpretação, a frase... “aqueles que creram
[14]” se referiria à Ummah do Profeta ‘Isa que prevaleceria contra os
descrentes com a ajuda e apoio do Mensageiro Final. [Mazhari]. Alguns
estudiosos asseguram que quando o Profeta ‘Isa foi elevado ao céu, seus
seguidores se dividiram em dois grupos. Um deles creu que ele era Deus
ou o Filho de Deus e por esta razão se tornaram politeístas. O outro
grupo creu que ele era servo de Allá e Seu Mensageiro, e por isso se
fixaram na religião correta. Então houve uma guerra entre os crentes e
os descrentes. Allá GARANTIU VITÓRIA à facção fiel do Profeta ‘Isa contra a facção descrente. Mas isto é popularmente entendido que na religião do Profeta ‘Isa a instituição da jihad
não existe. Por isso, é inconcebível que os fiéis tenham travado uma
guerra. [Ruh-ul-Ma’ani]. Entretanto, é possível que os Cristãos infiéis
possam ter começado a guerra e o Cristãos fiéis tenham sido forçados a
se defenderem. Isto se caracterizaria como guerra. (Uthmani, Maariful Quran, Volume 8, pp. 443-444; fonte; ênfases no texto são nosso)
Nós já notamos o problema com essa explicação, mas
nos impele a repetir: o texto da Surata 61:14 não diz que os
verdadeiros seguidores de Jesus prevaleceriam somente no tempo de
Mohamed, mas que a eles foi claramente dado vitória sobre os descrentes
desde seu princípio. Isto significa que esta segunda interpretação
proposta por Mufti soa como a primeira (já que ela também tem sérios
problemas históricos). Além disso, apesar de concordarmos com o Mufti
que Jesus nunca ordenou a jihad para seu seguidores, seus comentários
estão em conflito direto com o Alcorão que declara que Allá ordenou aos
Cristãos observar a jihad no Evangelho:
Deus cobrará dos fiéis o sacrifício de seus bens
e pessoas, em troca do Paraíso. Combaterão pela causa de Deus, matarão
e serão mortos. É uma promessa infalível, que está registrada na Tora, no Evangelho (Injeel)
e no Alcorão. E quem é mais fiel à sua promessa do que Deus?
Regozijai-vos, pois, a troca que haveis feito com Ele. Tal é o
magnífico benefício. (Surata 9:111)
Seja como for, nos parece muito claro nos
comentários de Mufti que os Muçulmanos têm sofrido tentativas muito
difíceis para conciliar o Alcorão com o fato histórico de que o
Cristianismo que tem prevalecido até os dias de hoje é o que Paulo
ensinou e é o que está registrado nas páginas do Novo Testamento!
Talvez seja por isso que homens como Ibn Ishaq, Ibn
Kathir, al-Tabari, al-Qurtubi e al-Thalabi puderam ver Paulo numa
perspectiva positiva. Eles aparentemente compreenderam que Paulo teve
uma tremenda influência no crescimento e expansão do Cristianismo, e
tem sido soberanamente usado por Deus como seu instrumento de dominação
sobre os descrentes.
Para resumir a evidência Islâmica, descobrimos que
- O Alcorão registra o domínio dos verdadeiros fiéis de Cristo sobre os infiéis.
- Este domínio continuará até o Dia da Ressurreição.
- A Mensagem de Paulo dominou e se tornou superior a todas outras mensagens opostas.
- Isto implica que se o Alcorão está certo, então a mensagem de Paulo deve estar correta.
E ainda, estes fatores apresentam os seguintes problemas aos Muçulmanos:
- O Alcorão contradiz o ensino essencial do Apóstolo Paulo bem como a mensagem do Bíblia Sagrada como um todo.
- Desde que o Alcorão e os comentaristas Muçulmanos antigos claramente testificam a precisão e legitimidade da pregação de Paulo, isto significa que o Alcorão não pode ser a palavra de Deus, mas sim a palavra de homens falíveis como Mohamed e /ou outros.
- Isto também implica que o(s) autor(es) do Alcorão foi (foram) ignorante(s) acerca da verdadeira mensagem da Bíblia Sagrada e do Apóstolo Paulo, e pensou (pensaram) que ela concordava com seu(s) próprio(s) ensino(s). O(s) autor(es) presumivelmente pensou(aram) que reconhecendo o testemunho da Bíblia Sagrada ele(s) consequentemente estariam legitimando as ditas profecias sobre Mohamed. Tendo ele(s) estado(s) cuidadoso(s) da verdadeira mensagem da Bíblia Sagrada, o(s) autor(es) pode(m) não ter dado tanto crédito tanto para Paulo quanto para a Bíblia Sagrada.
Isto encerra nosso estudo.
Oramos que nosso exaltado Senhor e Salvador imortal usará estas
palavras para conduzir preciosos Muçulmanos para seu glorioso amor e
verdade. Amém. Vem Senhor Jesus. Nós sempre o amaremos pela graça todo
poderosa, e soberana de Deus.
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