Vós que Sois Espirituais
— Restaurai
É necessário que saibamos a diferença
entre julgar no sentido de condenar – e discernir. Se julgo alguém com espírito
severo, como se estivesse passando sobre ele um julgamento final, estou errado
e Deus há de me julgar. Discernir é diferente e sempre é acompanhado por amor
divino. O Espírito Santo mostra-nos como discernir as necessidades daqueles que
vêm pedindo oração. Discernimento é acompanhado por um desejo de ajudar os
outros, de orar por eles e de abençoá-los.
Eis um texto maravilhoso sobre este
assunto: “Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são
espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para
que também não seja tentado” (Gl 6.1, NVI).
Quem são os “espirituais”, aqueles que
devem restaurar? São os que nasceram pelo Espírito Santo, que são
“participantes da natureza divina” (2 Pe 1.4). São os que estão cheios do
Espírito Santo.
Logo antes de instruir sobre a
necessidade de restaurar, o apóstolo Paulo escreveu: “Sede, antes, servos
uns dos outros, pelo amor” (Gl 5.13). E nos lembra: “Amarás o teu
próximo como a ti mesmo” (Gl 5.14). “Andai no Espírito”, ele exorta
(Gl 5.16), e um pouco depois diz que devemos ser “guiados pelo
Espírito” (v. 18). Ao descrever com mais detalhes o que é andar no Espírito
e ser guiado pelo Espírito, ele dá uma lista dos frutos do Espírito,
entre os quais está a mansidão. Só depois de tudo isso é que chegamos à
instrução de restaurar aquele que pecou num espírito de mansidão. Ser manso é
ser gentil e afável.
Depois desta exortação para restaurar
aqueles que caíram, Paulo continua dando palavras de sabedoria. “Levai as
cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo” (Gl 6.2). É um
dever cristão suportar a fraqueza ou decepção de um irmão ou irmã, e fazer todo
esforço para restaurar aquela pessoa de uma forma misericordiosa.
Há perdão, misericórdia e graça para os
contritos e arrependidos. Como são ternas as súplicas de Deus para com seu povo
voluntarioso e obstinado: “Volta... porque eu sou compassivo... Tão-somente
reconhece a tua iniqüidade, reconhece que transgrediste contra o Senhor teu
Deus... Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões” (Jr
3.12,13,22). E como ele anseia pela resposta penitente: “Eis-nos aqui, vimos
ter contigo; porque tu és o Senhor nosso Deus... com efeito, no Senhor nosso
Deus está a salvação de Israel” (vv.22, 23).
Há vários anos, conheci uma senhora
cristã que precisava ser tratada sobre um determinado assunto na sua vida.
Perguntei ao Senhor se eu devia conversar com ela a respeito. Ele me disse que
eu ainda não estava suficientemente terna e que deveria esperar até que meu
coração fosse amolecido pela sua graça. Só então me permitiria falar com ela.
Durante uma semana, ele me fez esperar
enquanto, ao mesmo tempo, estava preparando meu coração através da ternura do
seu amor. Depois disso, ao tratar com ela, a compaixão do Senhor estava tão
manifesta na minha maneira de ministrar-lhe, que ela aceitou com alegria a
minha exortação e submeteu-se à mão do Senhor.
Primeiro Devemos Examinar a Nós Mesmos
O Senhor nos ensinou que primeiro
devemos lançar fora do nosso olho a trave do amor próprio, antes de podermos
ver claramente a fim de tirar o cisco do olho do nosso irmão (Mt 7.3-5).
Justiça própria é uma trave no nosso olho. Temos de lembrar que nada temos de
bom em nós mesmos. Só temos aquilo que recebemos de Deus. Recebemos de Deus o
consolo do perdão? Foi-nos restaurada a alegria da nossa salvação, depois do
nosso arrependimento? Tudo que recebemos dele, precisamos passar a outros, pois
somos chamados para consolar outros com a consolação com que nós mesmos fomos
consolados (2 Co 1.4). Ele é o Pai de misericórdias e o Deus de toda
consolação.
Devemos sempre examinar a nós mesmos
à luz da Palavra de Deus. “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais
cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12).
Devemos depender do Espírito Santo para
focalizar o holofote da Palavra de Deus nos nossos corações e mostrar se há
algo em nós que impede a plenitude da sua salvação, ou que não permite que ele
responda nossas orações. Se houver algo assim, ele nos revelará pelo seu poder
de convencer-nos do pecado. Então precisaremos nos arrepender, colocando nosso
pecado debaixo do sangue de Jesus, e dispor-nos a continuar caminhando sem
persistir no pecado, pela graça do Senhor.
Se dependermos do Espírito Santo, também
não devemos nos submeter à autocondenação. O Espírito Santo é o Espírito da
verdade. “Se o nosso coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que o
nosso coração e conhece todas as coisas. Amados, se o coração não nos acusar,
temos confiança diante de Deus” (1 Jo 3.20,21).
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