PÁSCOA (Lv. 23:5)
1. O que é a Páscoa: Páscoa no hebraico é pessach que significa passagem ou passar por cima: "...é a páscoa do Senhor" (Ex.12:11), "Porque o Senhor passará para ferir os egípcios..." (Ex.12:23), "É o sacrifíco da páscoa ao Senhor que passou por cima das casas dos filhos de Israel..." (Ex.12:27).
2. O Dia da Páscoa:
A festa começa com a morte de um cordeiro como oferta pelo pecado (Ex.12:2,6), no dia 14 do mês de abibe (Lv.23:15; Ex.13:4), que significa espigas verdes. Durante o exílio foi substituido pelo nome nisã (Ne.2:1) que significa começo ou abertura. Corresponde a março-abril em nosso calendário. A páscoa foi instituída numa sexta-feira, ou seja, um dia antes dos Pães Asmos (Lv.23:6) e dois dias antes das Primícias (Lv.23:12).
Para o povo judeu havia o ano sagrado e o ano civil. O sagrado começava na primavera. O civil começava no outono. O 7° mês sagrado era o 1° mês civil. Dividia-se o ano em 12 meses lunares, com um 13° mês 7 vezes em cada 19 anos.
Calendário
Lunar Judaico e seus meses correspondentes no Calendário Solar ou Juliano
|
Lunar Judaico.........................Solar Juliano
Nisã ou Abibe..........................março-abril Iyyar ou Zive..............................abril-maio Sivã..........................................maio-junho Tammuz....................................junho-julho Abe.........................................julho-agosto Elul...................................agosto-setembro |
Lunar Judaico...........................Solar Juliano
Etanim ou Tishri...............setembro-outubro Marquesvã ou Bul...........outubro-novembro Quisleu.........................novembro-dezembro Tebethe.............................dezembro-janeiro Shebate...............................janeiro-fevereiro Adar....................................fevereiro-março |
O dia civil judaico (período de 24 horas) se inicia às 18:00 horas e termina às 18:00 horas subsequente. A noite vem primeiro que o dia, pois na criação do mundo o primeiro dia começou com a escuridão que foi transformada em luz: "Chamou Deus à luz dia, e às trevas noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia" (Gn.1:5). Daí em diante cada período de 24 horas foi indicado sucessivamente como "tarde e manhã" (Gn.1:5,8,13,19,23,31; 2:2).
O dia natural judaico (12 horas), isto é, o intervalo entre a aurora e o crepúsculo (06:00 às 18:00 h.), era dividido em três partes: manhã, meio-dia e tarde (Sl.55:17). Os judeus distinguiam duas tardes no dia: a primeira ia das 15:00 às 18:00 h., e a segunda se iniciava ao pôr do sol (18:00 h.), indo até a escuridão da noite, aproximadamente às 19:00 h. (Mt.14:15 e 23). O sacrifício da páscoa era oferecido "no crepúsculo da tarde" (Lv.23:5; Nm.28:4,8). A passagem faz referência à primeira tarde (15:00 às 18:00 h.). A segunda tarde, que se iniciava às 18:00 horas, e a manhã, que tinha início às 06:00 horas, juntos formavam um dia (Gn.1:5). O gráfico abaixo ilustra o dia judaico:
4. O Local da Páscoa:
Posteriormente Deus requereu que a
páscoa só fosse realizada em um local por Ele determinado "Então
sacrificarás como oferta de páscoa ao Senhor teu Deus, do rebanho e do gado, no
lugar que o Senhor escolher para ali fazer habitar o seu nome. Não poderás
sacrificar a páscoa em nenhuma das tuas cidades que te dá o Senhor teu Deus.
Senão no lugar que o Senhor teu Deus escolher para fazer habitar o seu nome,
alé sacrificarás a páscoa à tarde, ao pôr do sol, ao tempo em que saíste do
Egito. Então a cozerás, e comerás no lugar que o Senhor teu Deus
escolher..." (Dt.16:2,5-7).
5. Evento correspondente no Novo
Testamento: Redenção
(I Co. 5:7; Ef.5:2; I Pe.1:19;
II Co.5:21; Gn.4:7)
O evento correspondente à páscoa no
Novo Testamento é a redenção. Assim como um cordeiro foi sacrificado no
dia da páscoa para a libertação dos judeus do Egito, Cristo foi sacrificado
para a libertação dos nossos pecados: "...Ele salvará o seu povo dos
pecados deles" (Mt.1:21); "...pelo seu sangue nos libertou dos nossos
pecados" (Ap.1:5); "...Cristo, nosso cordeiro pascal, foi
imolado" (I Co.5:7). Cristo se fez oferta pelo pecado. Há uma perfeita
identificação entre o pecado do crente e a oferta pelo pecado (Jo.3:14). Esta
identificação é ainda mais evidente no Antigo Testamento, pois "a palavra
hebraica hattâ't usada para traduzir pecado é derivada de uma
forma verbal que significa purificar, de modo que o substantivo
significa um sacrifício que obtém a purificação." 1
Desse modo o texto de Gênesis 4:7
fica com mais sentido: "...se, todavia, procederes mal, eis que o (a
oferta pelo) pecado jaz à porta... ...a ti cumpre dominá-lo (domá-lo)"
(Gn.4:7). Esta identificação também pode ser vista no Novo Testamento:
"Aquele que não conheceu pecado, ele o fez (oferta pelo) pecado por
nós..." (II Co.5:21). Este era o método usado por Deus, desde os tempos de
Adão, para perdoar os pecados: O sangue deveria ser derramado "Porque a
vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação
(kafer = cobertura - veja Gn.3:21 e 6:14) pelas vossas almas; porquanto
é o sangue que fará expiação em virtude da vida" (Lv.17:11). Por isso
"...sem derramamento de sangue não há remissão" (Hb.9:22). No tempo
do Antigo Testamento o sangue dos animais apenas cobriam os pecados. O
sangue de Cristo tira o pecado do mundo (Jo.1:29).
5.2. O Dia do Sacrifício de
Cristo:
A primeira páscoa foi comemorada numa
sexta-feira. Jesus Cristo também foi crucificado numa sexta-feira (Mt.27:62;
Mc.15:42; Lc.23:54; Jo.19:14), às 09h00, isto é na "hora terceira"
(Mc.15:25). Das 12h00 às 15h00, isto é, da hora sexta à hora nona, houve trevas
sobre a terra (Mt.27:45; Lc.23:44-46). Depois disso Ele rendeu o espírito, no
período entre 15h00 e 18h00. Este período compreendido entre a hora nona
(15h00) e o pôr do sol (18h00), no qual Jesus morreu é o mesmo período
designado para o sacrifício da páscoa, ou seja, no crespúsculo da tarde,
(Lv.23:5; Nm.28:4,8).
5.3. A Hora do Sacrifício de
Cristo:
Tudo indica que Jesus morreu após às
15:00 horas, que é a hora nona (Lc.23:44-46). Porém, naquele tempo as horas não
eram indicadas com precisão, como ocorre hoje. Assim sendo, é possível que
Jesus tenha morrido entre 15:00 e 17:00 horas, tendo sido sepultado
aproximadamente após as 17:00 horas (Mc.15:42), pois o sábado iria começar às
18:00 horas (Lc.23:54), e a Lei Judaica proibia o trabalho aos sábados e a
permanência de um corpo morto na cruz (Dt.21:22,23; Jo.19:31). Assim sendo, a
morte de Jesus foi mais rápida do que se esperava (Mc.15:44). Isto ocorreu por
4 motivos: (1) Jesus é o Cordeiro Pascal, e como tal deveria morrer no mesmo
período do sacrifício da páscoa (Ex.12:6); (2) Suas pernas não poderiam ser
quebradas para acelerar a sua morte (Jo.19:32,33; Ex.12:46; Nm.9:12; Sl.34:20);
(3) Seu corpo não poderia permanecer no madeiro (Dt.21:22,23) e (4) O próprio
Jesus rendeu o seu espírito (Jo.19:30; Jo.10:18; Jo.2:19).
As duas tabelas seguintes mostram as
horas do dia e da noite, conforme a cultura judaica:
As horas do dia
|
Hora Ocidental
|
Hora Judaica
|
Referência Bíblica
|
09:00 h. (6 às 9 h.)
|
terceira hora
|
Mt.20:3
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12:00 h. (9 às 12 h.)
|
sexta hora
|
Mt.20:5
|
15:00 h. (12 às 15 h.)
|
nona hora
|
Mt.20:5
|
18:00 h. (15 às 18 h.)
|
décima segunda hora
|
|
As horas da
noite
|
18:00 às 21:00 h.
|
1ª vigília (noite)
|
Ex.14:24
|
21:00 às 24:00 h.
|
2ª vigília (meia noite)
|
Lc.12:38 (Mt.25:6)
|
24:00 às 03:00 h.
|
3ª vigília (cantar do galo)
|
Lc.12:38
|
03:00 às 06:00 h.
|
4ª vigília (manhã)
|
Mt.14:25
|
O dia civil judaico é ilustrado na
tabela abaixo:
O Dia Judaico
(24 horas)
|
18:00 h.
|
cair da tarde
|
Mt.20:8; Mt.14:23
|
18:00 h.
|
pôr do sol
|
Gn.28:11; Mc.1:32
|
A tabela abaixo ilustra outros
horários mencionados na Bíblia:
Outras Horas
Judaicas
|
17:00 h.
|
undécima hora
|
Mt.20:6
|
Cerca de 22:00 h.
|
2ª ou vigília média
|
Jz.7:19
|
06:00 às 09:00 h.
|
raiar do sol,
nascente do sol, levante, |
Jz.9:33;; Sl.50:1; Sl. 113:3; Is.45:6
|
15:00 às 18:00 h.
|
cair da tarde (1ª)
|
Mt.14:15
|
18:00 às 19:00 h.
|
cair da tarde (2ª)
|
Mt.14:23
|
15:00 às 18:00 h.
|
crepúsculo da tarde
|
Ex.12:6; Nm.9:3
|
A páscoa foi realizada na
sexta-feira. Três dias depois os judeus deveriam comemorar a festa das
primícias (Lv.23:12). Esta festa indicava a ressurreição após três dias. O
primeiro molho de trigo que fosse colhido, isto é, as primícias, deveria ser
movido perante o Senhor (Lv.23:10,11). Este mover do trigo era símbolo da vida
que, ao contrário de um animal morto, inerte e sem movimento, se expressa pelo
mover da vida (At.17:25,28). Na ressurreição o corpo de Cristo que estava
inerte no túmulo foi movido por Deus e a terra se abalou (Mt.27:51-54; Mt.28:2;
Hb.12:26,27). Cristo foi vivificado no espirito (IPe.3:18). Mas a oferta só
poderia ser feita após três dias depois da páscoa. Isto tem a ver com a
ressurreição que ocorreu somente três dias depois da morte de Cristo.
O esquema a seguir mostra os três
dias e três noites mencionados por Jesus. As palavras de Jesus "...três
dias e três noites" (Mt.12:40), não exige que 72 horas tenham se passado
entre sua morte e ressurreição, pois os judeus consideravam parte de um dia
como um dia inteiro.
O gráfico seguinte ilustra os três dias e três noites que Jesus permaneceu na sepultura:
O gráfico seguinte ilustra os três dias e três noites que Jesus permaneceu na sepultura:
Esta expressão "um dia e uma
noite" é idiomática, e era usada pelos judeus para indicar "um
dia" (ISm.30:12,13), mesmo quando somente parte de um dia era
indicada. Qualquer parte do período era considerado um período total. O Talmude
Babilônico relata que "uma parte do dia é o total dele" 2
O Talmude de Jerusalém,
diz: "Temos um ensino: um dia e uma noite são um onah e a parte
de um onah é como o total dele" 3
Cristo foi crucificado na
sexta-feira. Qualquer tempo antes das 18:00 horas de sexta-feira seria
considerado um dia e uma noite. Qualquer tempo depois das 18:00 horas de
sexta-feira até sábado às 18:00 horas, também seria um dia e uma noite.
Semelhantemente, qualquer tempo após às 18:00 horas de sábado até o momento em que Cristo ressuscitou,
na manhã de domingo, também seria um dia e uma noite. Do ponto de vista judaico,
seriam três dias e três noites de sexta à tarde até domingo de manhã.
5.4. O Local do Sacrifício de
Cristo:
O local exato da morte de Cristo não
se sabe. As Escrituras mencionam o lugar onde Cristo foi crucificado, que se
chamava Calvário (Lc.23:33). Em hebraico (aramaico) o nome é Gólgota (Jo.19:17)
que significa Lugar da Caveira (Mt.27:33).
Jesus Cristo não poderia ser
crucificado fora da Judéia, muito embora tenha sido crucificado fora de
Jerusalém (Hb.13:11,12; Jo.19:20; Mt.21:39). A Judéia, local do templo de
Salomão, era o local onde Deus havia escolhido para habitar (I Rs.9:3). Com
isto Deus queria mostrar que só há um Caminho para a salvação. Os sacrifícios
da páscoa não podiam ser realizados em qualquer lugar, mas somente naquele
lugar onde Deus havia determinado. Os sacrifícios e adoração fora de Jerusalém
era considerado pecado (I Rs.12:25-33; I Rs.13:9,10; I Rs.8:29,33,38,44;
Dn.9:3; Jo.4:20). Muitos cristãos pensam que idolatria é somente culto
prestado a deus falso. Pelo estudo das Escrituras descobrimos que culto
falso prestado ao Deus verdadeiro também é idolatria. Se alguém pretende
agradar ao Deus verdadeiro por meios estranhos às Sagradas Letras, realiza
culto falso e comete o pecado da idolatria. Somente o Sacrifício do Calvário
realizado por Cristo, tem valor para Deus. Jesus é o Caminho (Jo.14:6). Deus
não aceita outro sacrifício além do sacrifício de Cristo realizado no Calvário.
Desse modo, ordenando que os sacrifícios fossem realizados no templo, Deus
estava querendo demonstrar que só há um caminho para a salvação.
Jesus é descendente de Judá
(Gn.49:8-12), e por esta mesma razão a tribo de Judá recebeu lugar de honra na
ordem dos acampamentos da tribo, diante diante do tabernáculo (Nm.2:3;
Lc.1:78,79; Sl.84:11; Ml.4:2), porque a salvação vem dos judeus (Jo.4:22)
e Jesus é a Porta (Jo.10:9) que dá acesso ao Pai.
O esquema abaixo mostra a localização
das doze tribos em volta do tabernáculo. Observe que a tribo de Judá permanecia
em frente da porta de entrada para o tabernáculo, no lado leste. Isso indicava
que um descendente de Judá haveria de abrir o caminho que dá acesso a Deus
(Lc.1:78; Nm.2:3; Sl.84:11; Ml.4:2).
Autor: Espirito Santo de Deus quem capacita todos os homens a levar a sua Palavra.
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