Paquistão: Tribunal adia decisão sobre criança acusada de blasfémia
O tribunal de primeira instância de Islamabad, no Paquistão, voltou hoje a adiar a audiência em que vai decidir a libertação sob caução de Rimsha Masih, criança de 11 anos acusada de blasfémia.
O protelamento acontece depois que no sábado o tribunal ter remetido a resolução para hoje, dia em que decorre uma greve dos advogados paquistaneses, revelou a agencia AsiaNews, estando agora marcada nova audiência para sexta-feira.
A criança, de uma igreja protestante, teria alegadamente queimado páginas de um livro com passagens do Corão.
Em causa está o artigo 295 do Código Penal paquistanês: a secção B refere-se a ofensas contra o Corão que são puníveis com prisão perpétua; a secção C refere-se a atos que enxovalham o profeta Maomé, puníveis com prisão perpétua ou com a morte.
A defesa de Masih, menina com a síndrome de Down, espera que os resultados da observação da comissão médica permitam que o juiz anule a acusação.
Paul Bhatti, conselheiro especial do primeiro-ministro para a Harmonia Nacional no Paquistão, disse à AsiaNews que continua “otimista” e está “seguro” quanto à libertação.
“Devem ser seguidos os dolorosos procedimentos da justiça, no entanto, e é necessário proceder nos tempos e nos modos estabelecidos pelo direito”, acrescentou.
A polícia prendeu Rimsha a 16 de agosto “sob pressão de uma centena de radicais islâmicos”, sublinha a agência de notícias Fides, ligada ao Vaticano, acrescentando que cerca de 600 famílias cristãs do bairro Mehra Jafar, onde morava a família da criança, tiveram de fugir, “com medo de represálias dos extremistas”.
Como resultados das investigações, um imã - autoridade religiosa muçulmana - foi detido por falsificar provas contra Rimsha Masih.
A detenção ocorreu depois de duas testemunhas terem declarado que viram o imã Khalid Chishti a colocar folhas do livro sagrado dos muçulmanos junto de outras folhas que a menor tinha queimado.
De acordo com o procurador encarregue do caso, o chefe religioso teria dito a testemunhas que era uma "maneira de se livrar dos cristãos".
Segundo a AsiaNews, peritos e estudiosos da lei islâmica vai “contestar” os resultados da observação da comissão médica e exigir que a criança seja punida.
Entre as questões em aberto está a definição da idade da menor e se a mesma sofre ou não de perturbações mentais.
Fonte: Agência de Notícia Ecclesia
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