Governo diz que poderia lançar ataque preventivo contra Israel
TEERÃ — A guerra retórica travada acerca do controverso programa nuclear iraniano foi retomada ontem. Na arena política, o regime dos aiatolás acusou o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukia Amano, de repassar informações confidenciais ao governo de Israel. E no âmbito militar, um alto comandante das Guardas Revolucionárias, o brigadeiro-general Amir Ali Hajizadeh, ameaçou lançar um ataque preventivo contra o país — cujo premier, Benjamin Netanyahu, não poupa insinuações sobre uma possível intervenção bélica na república islâmica:
— O Irã não irá começar a guerra, mas pode lançar um ataque preventivo se tiver certeza que os inimigos estão dando os retoques finais para nos atacar.
A retórica belicista também não poupou um outro inimigo do Irã, os Estados Unidos. E o militar advertiu que bases americanas no Golfo Pérsico e no Afeganistão seriam “alvos legítimos” em caso de guerra.
— Não podemos imaginar o regime sionista começando uma guerra sem o apoio dos EUA. Por isso, no caso de um conflito, nós entraremos em guerra contra ambos. Nesse caso, ocorreriam coisas imprevisíveis e inimagináveis, capazes de se converter na Terceira Guerra Mundial — alertou.
As ameaças de ambos os lados têm se tornado cada vez mais frequentes — e enterrado as possibilidades de diálogo nuclear entre o grupo intitulado P5+1 (as cinco grandes potências do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha) e o regime islâmico.
Ontem, um proeminente deputado iraniano, Javad Jahangirzadeh, acusou a agência atômica de estar repassando a Israel informações confidenciais sobre as atividades nucleares do Irã. E responsabilizou diretamente o chefe da agência, Yukiya Amano, caso o Irã reduza ainda mais sua cooperação com o órgão:
— As repetidas viagens de Amano a Tel Aviv e suas perguntas a autoridades israelenses sobre as atividades do Irã indicam que as informações nucleares do Irã foram entregues ao regime sionista e outros inimigos.
Filha do ex-presidente é presa
No campo interno, a linha-dura do regime golpeou a tímida oposição do país. A filha do ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani foi levada para cumprir uma pena de seis meses de prisão por “divulgar propaganda antirregime”. Faezeh Rafsanjani havia sido condenada em janeiro por participar dos protestos após a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em 2009.
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