«Se
há sabedoria rasa e pouco poder na nossa adoração e ministério, creio
que é porque tão poucos de nós se entregaram ao que Paulo chama de morrer diariamente para o egocentrismo em todas as suas formas, incluindo a autopromoção e a autocondenação.
Fui
padre franciscano durante 26 anos. Durante esse tempo, compreendi o
motivo de o fundador da nossa comunidade, Francisco de Assis, não
conseguir comer uma refeição num aposento onde tivessse uma Cruz ou
crucifixo pendurada sem que lágrimas rolassem pelo seu rosto. É lembrado
como o santo mais jubiloso da história cristã. Isso foi possível porque
o foco da atenção de Francisco não estava no sofrimento em si, mas no
Cristo sofredor. Francisco
sabia que se ele tivesse sido a única pessoa a jamais caminhar sobre a
terra, Jesus teria suportado a vergonha da Cruz por ele apenas(....)
O reconhecimento da dor de Cristo não pode estar separada do conhecimento do seu amor. Jesus
Cristo crucificado não é meramente algum exemplo heróico para a igreja.
É o poder e a sabedoria vivos de Deus, capacitando-nos a estender uma
mão de cura a pessoas que nos defraudaram, prejudicaram ou nos voltaram
as costas. Quando ouvimos a sua oração pelos seus
executores: "Pai, perdoa-lhes pois não sabem o que fazem" (Lucas 23:
34), Ele lentamente transforma o nosso coração de pedra em coração de
carne. Ao
pé da cruz reconhecemos a nós mesmos como inimigos perdoados de Deus e
somos capacitados a estender esse perdão e reconciliação.
Retorcendo-se em agonia na Cruz, Jesus diz: "Eu
conheço cada momento de pecado, egocentrismo, desonestidade e amor
degradado que tem desfigurado a tua vida, e eu não te julgo indigno de
compaixão, perdão e salvação. Agora sê assim com os outros. Não julgues ninguém".
Apenas quando reivindicamos o amor do Cristo crucificado com convicção sentida, esse amor que transcende todos os julgamentos, somos capazes de superar qualquer medo de julgamento. Enquanto
continuarmos a viver como se fossemos o que fazemos, como se fossemos o
que possuímos, e como se fossemos o que os outros pensam de nós,
permaneceremos repletos de julgamentos, opiniões, avaliações e
condenações. Permaneceremos viciados à necessidade de colocar as pessoas
nos seus lugares.»
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