Qual o padrão bíblico de avivamento? Os avivamentos
bíblicos oferecem alguma coordenada para a renovação da igreja evangélica no
Brasil de hoje?
Estas são algumas das perguntas que procuraremos responder no decorrer desse estudo.
Estas são algumas das perguntas que procuraremos responder no decorrer desse estudo.
I - O significado bíblico do termo "Avivamento":
1.1. No Antigo Testamento:
O verbo hebraico hyh (avivar) tem o significado primário de
"preservar" ou "manter vivo". Porém, "avivar" não
significa somente preservar ou manter vivo, mas também purificar, corrigir e
livrar do mal. Esta é uma conseqüência natural em toda vez que Deus aviva. Na
história de cada avivamento, dentro ou fora da Bíblia, lemos que Deus purifica,
livra do mal e do pecado, tira a escória e as coisas que estavam impedindo o
progresso da causa (1).
O verbo "avivar", em suas várias formas (2), é usado mais de 250 vezes no Antigo Testamento, das quais 55 vezes estão num grau chamado piel. Um verbo nas formas do Piel expressa uma ação ativa intensiva no hebraico. Neste sentido, o avivamento é sempre indicado como uma obra ativa e intensiva de Deus. Alguns exemplos de sua ocorrência são as clássicas orações de Davi: "Porventura, não tornarás a vivificar-nos (3), para que em ti se regozije o teu povo?" (Sl 85.6) (4), e do profeta Habacuque: "Tenho ouvido, ó Senhor, as tuas declarações, e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos, e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na tua ira, lembra-te da misericórdia" (Hc 3.2).
O verbo "avivar", em suas várias formas (2), é usado mais de 250 vezes no Antigo Testamento, das quais 55 vezes estão num grau chamado piel. Um verbo nas formas do Piel expressa uma ação ativa intensiva no hebraico. Neste sentido, o avivamento é sempre indicado como uma obra ativa e intensiva de Deus. Alguns exemplos de sua ocorrência são as clássicas orações de Davi: "Porventura, não tornarás a vivificar-nos (3), para que em ti se regozije o teu povo?" (Sl 85.6) (4), e do profeta Habacuque: "Tenho ouvido, ó Senhor, as tuas declarações, e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos, e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na tua ira, lembra-te da misericórdia" (Hc 3.2).
1.2.
No
Novo Testamento:
Encontramos no Novo Testamento grego um conjunto de palavras
que expressam o conceito básico de avivamento. São elas: 'egeíro, 'anastáso,
'anázoe e 'anakaínoo. Outras palavras gregas comparam o avivamento ao reacender
de uma chama que se apaga aos poucos (cf. 'anazopyréo em 2 Tm 1.6) ou uma
planta que lança novos brotos e "floresce novamente" (cf. 'anaphállo
em Fp 4.10).
No Novo Testamento grego as palavras supracitadas aparecem,
no contexto de avivamento, apenas sete vezes, embora a idéia básica de
avivamento seja sugerida com mais freqüência. Uma possível explicação para o
uso escasso dos termos, em comparação ao Antigo Testamento, é que o Novo cobre
apenas uma geração, durante a qual a Igreja Cristã desfrutou, na maior parte do
tempo, um grau incomum de vida espiritual.
II - O que não é avivamento bíblico:
Antes de falarmos sobre avivamento bíblico, propriamente
dito, acreditamos ser de grande ajuda uma abordagem, mesmo que rápida, do que
não é o padrão bíblico de avivamento.
O Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro AVIVAMENTO
URGENTE, apresenta sete interessantes razões sobre o que não deve ser entendido
como avivamento de verdade. Sou devedor ao dileto colega por suas pertinentes
observações. Transcrevo-as quase que na íntegra.
2.1. Avivamento não é um programa agendado pela igreja.
Avivamento não é ação da igreja, mas de Deus. Avivamento é obra soberana e livre do Espírito Santo. A igreja não promove e nem faz avivamento. A igreja não é agente de avivamento. A igreja não agenda e nem programa avivamento. A igreja só pode buscar o avivamento e preparar o caminho da sua chegada. A igreja não produz o vento do Espírito, ela só pode içar suas velas em direção a esse vento.
Avivamento não é ação da igreja, mas de Deus. Avivamento é obra soberana e livre do Espírito Santo. A igreja não promove e nem faz avivamento. A igreja não é agente de avivamento. A igreja não agenda e nem programa avivamento. A igreja só pode buscar o avivamento e preparar o caminho da sua chegada. A igreja não produz o vento do Espírito, ela só pode içar suas velas em direção a esse vento.
A soberania de Deus, no entanto, não anula a
responsabilidade humana. O avivamento jamais virá se a igreja não preparar o
caminho do Senhor (5). O avivamento jamais acontecerá se a igreja não se
humilhar. Sem oração da igreja, as chuvas torrenciais de Deus não descerão. Sem
busca não há encontro. Sem obediência a Deus, jamais haverá derramamento do
Espírito. Contudo, quem determina o quando e o como do avivamento é Deus. Ele é
soberano. David Brainerd orou vários anos pelo avivamento entre os índios peles
vermelhas no século XVIII. Aquele jovem, ajoelhado na neve, suava de molhar a
camisa, em agonia de alma, em oração fervente, em favor daqueles pobres índios.
Quando o seu coração parecia desalentado e já não havia prenúncios de chuva da
parte de Deus, o Espírito foi poderosamente derramado e os corações se dobraram
a Cristo aos milhares.
2.2. Avivamento não é mudança doutrinária.
Cometem ledo engano aqueles que querem descartar a teologia
e desprezar a doutrina na busca do avivamento. Desprezar a doutrina é dinamitar
os alicerces da vida cristã. Desprezar a doutrina é querer levantar um edifício
sem lançar o fundamento. Desprezar a doutrina é querer por um corpo de pé e em
movimento sem a estrutura óssea.
Não há vida piedosa sem doutrina. A doutrina é a base da
ética. A teologia é mãe da ética. "Assim como o homem crê no seu coração,
assim ele é" (Pv 23.7).
Vida sem doutrina gera misticismo e experiencialismo subjetivista. Avivamento sem doutrina é fogo de palha, é movimento emocionalista, é experiencialismo personalista e antropocentrista. Deus tem compromisso com a verdade e a sua Palavra é a verdade e todo avivamento precisa estar fundamentado na Palavra. O avivamento precisa estar norteado pelas Escrituras e não por sonhos e visões. Precisa estar dentro das balizas da Bíblia e não dentro dos muros de revelações subjetivistas, muitas vezes feitas na carne.
Vida sem doutrina gera misticismo e experiencialismo subjetivista. Avivamento sem doutrina é fogo de palha, é movimento emocionalista, é experiencialismo personalista e antropocentrista. Deus tem compromisso com a verdade e a sua Palavra é a verdade e todo avivamento precisa estar fundamentado na Palavra. O avivamento precisa estar norteado pelas Escrituras e não por sonhos e visões. Precisa estar dentro das balizas da Bíblia e não dentro dos muros de revelações subjetivistas, muitas vezes feitas na carne.
2.3. Avivamento não é mudança litúrgica.
Muitos crentes confundem avivamento com forma de culto, com
liturgia animada, com coreografia e instrumental aparatoso.
Louvor não é encenação. Não é mimetismo. Não é ritualismo.
Não é emocionalismo. Não é apenas seguir formas pré-estabelecidas, como bater
palmas, dizer aleluia, amém e levantar as mãos. Louvor não é pululância, gingos
e dança (6). Louvor que apenas levanta as mãos para o alto, mas não as estende
para o necessitado não agrada a Deus. A Bíblia ordena levantar mãos santas ao
Senhor, num gesto de rendição e entrega (I Tm 2.8). Louvor em que a pessoa
apenas saltita e pula, mas não vive em santidade, é ofensa a Deus. Louvor que
apenas verbaliza coisas bonitas para Deus, mas não leva Deus a sério na vida é
fogo estranho diante do Senhor.
Louvor que não produz mudança de vida, quebrantamento, obediência e não leva as pessoas a confiarem em Deus, não é louvor, é barulho aos ouvidos de Deus. Assim diz o Senhor: "Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas liras" (Am 5.23).
Hoje estamos vivendo a época dos shows evangélicos, dos show-men, dos animadores de programas religiosos, do "rock evangélico", das músicas badaladas por um ritmo sensual.
Louvor que não produz mudança de vida, quebrantamento, obediência e não leva as pessoas a confiarem em Deus, não é louvor, é barulho aos ouvidos de Deus. Assim diz o Senhor: "Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas liras" (Am 5.23).
Hoje estamos vivendo a época dos shows evangélicos, dos show-men, dos animadores de programas religiosos, do "rock evangélico", das músicas badaladas por um ritmo sensual.
Mais do que nunca é preciso tocar a trombeta em Sião e
condenar a idéia de que precisamos imitar o mundo para atrair o mundo. A música
do mundo tem entrado nas igrejas, para vergonha nossa e para derrota nossa. O
louvor que agrada a Deus precisa ser em espírito e em verdade. O louvor precisa
ser bíblico, senão é fogo estranho. Davi, no Salmo 40, versículo 3, fala-nos
sobre as balizas do louvor que agrada a Deus: "E me pôs nos lábios um novo
cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão estas coisa, temerão e
confiarão no Senhor". Primeiro, vemos a origem deste cântico: "E me
pôs nos lábios". Este louvor vem de Deus e não do homem. Segundo, vemos a
natureza deste cântico: "E me pôs nos lábios um novo cântico". Não é
um novo de edição, mas novo de natureza. É um cântico que expressa a marca da
sua nova vida, liberta do tremendal de lama (v2). Terceiro, vemos o objetivo
deste cântico: "... Um hino de louvor ao nosso Deus". Este cântico
não é para entreter ou agradar o gosto e preferência das pessoas. Este cântico
vem de Deus e volta para Deus. Deus é o seu alfa e o seu ômega. Quarto, vemos o
resultado deste cântico: "Muitos verão estas coisas, temerão e confiarão
no Senhor". O louvor bíblico leva as pessoas a temerem a Deus, a confiarem
em Deus. O verdadeiro louvor leva as pessoas a se voltarem para Deus.
O louvor não é um espaço da liturgia. Louvor é a totalidade
da vida. "Bendirei ao Senhor em todo o tempo, o seu louvor estará sempre
nos meus lábios" (Sl 34.1).
À luz destas coisas, é preciso dizer que avivamento não é mudança litúrgica, é mudança de vida. Avivamento não é histeria carnal, é choro pelo pecado. Deus não procura adoração. Ele procura adoradores.
À luz destas coisas, é preciso dizer que avivamento não é mudança litúrgica, é mudança de vida. Avivamento não é histeria carnal, é choro pelo pecado. Deus não procura adoração. Ele procura adoradores.
Todavia, é preciso dizer que, embora o avivamento não seja
mudança de liturgia, todo avivamento mexe com a liturgia. O avivamento
desinstala a liturgia ritualista, cerimonialista, formalista, fria e morta e
põe em seu lugar uma liturgia viva, alegre, ungida, onde há liberdade do
Espírito, sem abandonar a ordem e a decência. Em épocas de avivamento, a
liturgia é desingessada e o povo com alegria e liberdade do Espírito adora a
Deus, em espírito e em verdade, sem regras rígidas pré-estabelecidas. Cada
culto é um acontecimento singular, novo, onde há abertura para o que Deus
deseja falar e fazer com o seu povo.
Hoje existem muitos cultos solenes, aparatosos, pomposos, mas estão mortos. Disse J. I. Packer no seu livro "Na Dinâmica do Espírito": "Não há nada mais solene do que um cadáver. Há cultos solenes que estão mortos". Embora o avivamento não seja mudança litúrgica, todo avivamento muda a liturgia, tornando-a bíblica, alegre, ungida, dirigida pelo Espírito de Deus. Devemos clamar como os puritanos: "Queremos liturgia pura".
2.4. Avivamento não é uma ênfase carismática unilateral.
Muitas pessoas hoje estão limitando o avivamento a milagres, curas e exorcismos, sem observarem a abrangência global da doutrina pneumatológica. Este é um sério perigo. Toda vez que super-enfatizamos uma verdade em detrimento de outra, nós produzimos deformações e distorções nesta verdade.
Deus pode e faz maravilhas, curas e prodígios extraordinários quando Ele quer. Ele é soberano. Ninguém pode deter a sua mão. Ninguém pode ser o conselheiro de Deus. Ninguém pode instruir a Deus e dizer o que Ele pode e o que Ele não pode fazer. Ninguém pode obstaculá-lo nem ensinar-lhe qualquer coisa. Ele faz tudo quanto Ele quer, como quer, onde quer, quando quer, com quem quer. "Ele faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade" (Ef 1.11). Ele não obedece à agenda dos homens. Ele não se deixa pressionar. Ele é livre.
Entretanto, esta não é a ênfase do avivamento. A igreja hoje está correndo mais atrás de sinais do que atrás de santidade. A igreja hoje empolga-se mais com milagres do que com vida cheia do Espírito. A igreja hoje anseia mais as bênçãos de Deus do que o Deus das bênçãos. A igreja hoje busca mais uma vida antropocêntrica do que teocêntrica.
Hoje existem muitos cultos solenes, aparatosos, pomposos, mas estão mortos. Disse J. I. Packer no seu livro "Na Dinâmica do Espírito": "Não há nada mais solene do que um cadáver. Há cultos solenes que estão mortos". Embora o avivamento não seja mudança litúrgica, todo avivamento muda a liturgia, tornando-a bíblica, alegre, ungida, dirigida pelo Espírito de Deus. Devemos clamar como os puritanos: "Queremos liturgia pura".
2.4. Avivamento não é uma ênfase carismática unilateral.
Muitas pessoas hoje estão limitando o avivamento a milagres, curas e exorcismos, sem observarem a abrangência global da doutrina pneumatológica. Este é um sério perigo. Toda vez que super-enfatizamos uma verdade em detrimento de outra, nós produzimos deformações e distorções nesta verdade.
Deus pode e faz maravilhas, curas e prodígios extraordinários quando Ele quer. Ele é soberano. Ninguém pode deter a sua mão. Ninguém pode ser o conselheiro de Deus. Ninguém pode instruir a Deus e dizer o que Ele pode e o que Ele não pode fazer. Ninguém pode obstaculá-lo nem ensinar-lhe qualquer coisa. Ele faz tudo quanto Ele quer, como quer, onde quer, quando quer, com quem quer. "Ele faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade" (Ef 1.11). Ele não obedece à agenda dos homens. Ele não se deixa pressionar. Ele é livre.
Entretanto, esta não é a ênfase do avivamento. A igreja hoje está correndo mais atrás de sinais do que atrás de santidade. A igreja hoje empolga-se mais com milagres do que com vida cheia do Espírito. A igreja hoje anseia mais as bênçãos de Deus do que o Deus das bênçãos. A igreja hoje busca mais uma vida antropocêntrica do que teocêntrica.
Avivamento não é efervescência carismática. Uma igreja pode
ter todos os dons sem ser uma igreja avivada. Avivamento não é conhecido pelos
dons do Espírito, mas pelo fruto do Espírito.
A igreja de Corinto possuía todos os dons, todavia, era uma
igreja imatura e bebê espiritualmente. Naquela igreja profundamente
carismática, havia divisões, cismas, brigas, partidos, contendas, imoralidade e
irmãos levando outros irmãos aos tribunais mundanos. Havia falta de compreensão
acerca do casamento e da liberdade cristã. Naquela igreja a ceia do Senhor
estava sendo incompreendida, os dons estavam sendo usados erradamente, a
ressurreição dos crentes estava sendo negada, e a cooperação financeira com os
pobres negligenciada.
É verdade que, em épocas de avivamento, os dons são buscados e exercidos para a glória de Deus e a edificação da igreja, mas a ênfase carismática não é sinônimo de avivamento.
É verdade que, em épocas de avivamento, os dons são buscados e exercidos para a glória de Deus e a edificação da igreja, mas a ênfase carismática não é sinônimo de avivamento.
2.5. Avivamento não é modismo.
Muitos crentes, por desconhecimento, se posicionam contra o
avivamento porque acham que ele é a mais nova onda da igreja. Acham que
avivamento é uma coqueluche moderna e uma inovação sem nenhum respaldo bíblico
e histórico.
Certamente, aqueles que assim pensam não estudam com
critério a Bíblia nem a história da igreja. Os pontos culminantes da igreja
aconteceram em épocas de avivamento. Desde o Antigo Testamento que esta é uma
verdade incontestável. É só olhar para os grandes despertamentos na época de
Ezequias, de Josias e de Neemias. É só ver o grande avivamento em Jerusalém, em
Samaria, em Antioquia da Síria e em Éfeso. É só ver o que Deus fez na Reforma
do Século XVI, na Inglaterra, no século XVIII e em outros grandes avivamentos
da história. Certamente, avivamento não é uma onda, não é um modismo. Ele
possui firmes lastros históricos. Ele é nossa herança e nosso legado e deve
continuar sendo nossa aspiração e nossa busca constante.
2.6. Avivamento não é uma visão dicotomizada da vida.
Muitas pessoas, quando começam a buscar avivamento, saem da realidade e enclausuram-se nos castelos inexpugnáveis de uma espiritualidade isolada e monástica. Tornam-se tão "espirituais" que já não sabem mais conviver com a vida, isolam-se, fazendo da vida uma caverna de fuga. Querem sair do mundo em vez de serem guardados do mal. Dividem a vida entre sagrado e profano, corpo e alma, matéria e espírito. Acham que Deus está interessado apenas nas coisas espirituais. Acham que Deus só olha para a vida de trabalho na igreja, sem observar os negócios, a família, o trabalho, os estudos e a vida do dia-a-dia com o mesmo interesse.
Muitas pessoas, quando começam a buscar avivamento, saem da realidade e enclausuram-se nos castelos inexpugnáveis de uma espiritualidade isolada e monástica. Tornam-se tão "espirituais" que já não sabem mais conviver com a vida, isolam-se, fazendo da vida uma caverna de fuga. Querem sair do mundo em vez de serem guardados do mal. Dividem a vida entre sagrado e profano, corpo e alma, matéria e espírito. Acham que Deus está interessado apenas nas coisas espirituais. Acham que Deus só olha para a vida de trabalho na igreja, sem observar os negócios, a família, o trabalho, os estudos e a vida do dia-a-dia com o mesmo interesse.
Esta não é a visão bíblica nem a visão do verdadeiro
avivamento. Tudo em nossa vida é vazado pelo sagrado. Toda a nossa vida é
cúltica. Todo o nosso viver é litúrgico. O grande avivalista John Wesley lutou
pelas causas sociais na Inglaterra ao mesmo tempo que pregou sobre avivamento.
Finney pregou ardorosamente contra a escravidão nos EUA no século passado ao
mesmo tempo que foi o maior avivalista do seu país. João Calvino atacou com
veemência os juros extorsivos em Genebra. O avivamento sempre traz profundas
mudanças políticas, econômicas, sociais e morais. O avivamento não leva a
igreja à fuga, mas ao enfrentamento.
2.7. Avivamento não é campanha de evangelização.
Não podemos confundir avivamento com campanhas evangelísticas. Avivamento é para a igreja, pessoas que já têm vida; evangelização é para o mundo, pessoas que estão mortas em delitos e pecados. Avivamento é para crentes nascidos de novo; evangelização é para pecadores inconversos. Na evangelização, a igreja trabalha para Deus; no avivamento, Deus trabalha para a igreja. Na evangelização, a igreja vai aos pecadores; no avivamento, os pecadores correm para a igreja. Na evangelização, os pregadores apelam aos pecadores; no avivamento, os pecadores apelam aos pregadores.
III - O Padrão Bíblico de Avivamento:
Não podemos confundir avivamento com campanhas evangelísticas. Avivamento é para a igreja, pessoas que já têm vida; evangelização é para o mundo, pessoas que estão mortas em delitos e pecados. Avivamento é para crentes nascidos de novo; evangelização é para pecadores inconversos. Na evangelização, a igreja trabalha para Deus; no avivamento, Deus trabalha para a igreja. Na evangelização, a igreja vai aos pecadores; no avivamento, os pecadores correm para a igreja. Na evangelização, os pregadores apelam aos pecadores; no avivamento, os pecadores apelam aos pregadores.
III - O Padrão Bíblico de Avivamento:
Podemos definir o avivamento bíblico em dois sentidos
distintos:
3.1. O sentido estrito de avivamento.
3.1. O sentido estrito de avivamento.
Estritamente falando, avivamento é algo que acontece
unicamente no meio do povo de Deus. O Espírito Santo renova, reaviva e desperta
a igreja sonolenta. É revitalização onde já existe vida. Ou, como disse Robert
Coleman, é "o retorno de algo à sua verdadeira natureza e propósito"
(7).
Comentando um pouco mais sobre o sentido estrito de
avivamento, diz o Dr. Martin Lloyd-Jones:
É uma experiência na vida da Igreja quando o Espírito Santo
realiza uma obra incomum. Ele a realiza, primeiramente, entre os membros da
Igreja: é um reviver dos crentes. Não se pode reviver algo que nunca teve vida;
assim, por definição, o avivamento é primeiramente uma vivificação, um
revigoramento, um despertamento de membros de igreja que se acham letárgicos,
dormentes, quase moribundos (8).
Quando há esse impacto da obra do Espírito de Deus na vida
da igreja, os resultados imediatos do avivamento são sentidos no povo de Deus:
senso inequívoco da presença de Deus; oração fervorosa e louvor sincero;
convicção de pecado na vida das pessoas; desejo profundo de santidade de vida e
aumento perceptível no desejo de pregação do evangelho. Em outras palavras, a
igreja amortecida e tristemente doente é a primeira a ser beneficiada pelo
avivamento.
3.2. O sentido amplo de avivamento.
Como a própria expressão define, neste sentido não apenas a
igreja, mas a sociedade não-cristã também é beneficiada pelo avivamento. Isto
acontece porque, além da atuação soberana do Espírito Santo no mundo, na igreja
passa a existir uma conscientização profunda de sua missão; isto é, a missão
integral de servir o mundo evangelística e socialmente. No avivamento a igreja
vive a missão para a qual foi chamada.
A sociedade não-cristã, por sua vez, volta-se para Deus em
resposta ao evangelho. Acertadamente o Dr. Héber de Campos comenta que "o
reavivamento começa na igreja e termina na comunidade maior onde ela vive. Os
efeitos do reavivamento são muito mais perceptíveis nas mudanças morais que
acontecem na região ou num país onde ele acontece. Ele não se limita
simplesmente aos membros das igrejas atingidas pela obra de Deus. Ele causa
impacto em toda a comunidade onde a igreja de Deus está inserida" (9).
Em suma, as duas características principais do avivamento são 1) o extraordinário revigoramento da igreja de Cristo e 2) a conversão de multidões que até o momento estiveram fora dela na indiferença e no pecado.
Em suma, as duas características principais do avivamento são 1) o extraordinário revigoramento da igreja de Cristo e 2) a conversão de multidões que até o momento estiveram fora dela na indiferença e no pecado.
3.3. Avivamento e a Bíblia.
Aqui também abordaremos dois aspectos essenciais do
avivamento.
1) O padrão bíblico de avivamento é a Bíblia
1) O padrão bíblico de avivamento é a Bíblia
Por mais simplória e pleonástica que esta declaração pareça
ser, ela é tão autêntica e singular como dois e dois são quatro. Estamos
falando do único padrão inerrante e infalível de avivamento: a Bíblia.
Uma vez que a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática,
é ela e somente ela que nos pode dar a direção certa deste assunto. A relação
entre a Bíblia e o avivamento é tão intrínseca que é impossível um avivamento
de verdade sem que a Bíblia faça parte dele.
Além disso, numa época de tantos extremos como este em que
vivemos, é fundamental o equilíbrio que só a Bíblia oferece. Sabemos que hoje
existem desde aqueles que vêem toda e qualquer manifestação entusiástica como
avivamento, até àqueles que negam a sua existência, ou quando muito acham que
avivamento é a mais nova onda do momento, uma coqueluche moderna, uma inovação
humana sem respaldo bíblico. É necessário, mais do que nunca, recorrermos à lei
e ao testemunho.
Permita-me ilustrar o que queremos dizer por
"extremos". Edwin Orr (10), uma das maiores autoridades sobre
avivamentos, disse que viu duas igrejas nos Estados Unidos convidando pessoas
para suas reuniões de avivamentos. Uma delas dizia: "Reavivamento aqui
todas às segundas-feiras à noite", enquanto que a outra prometia:
"Reavivamento aqui todas às noites, exceto às segundas-feiras". Orr
menciona este fato para relatar um desses extremos em que a palavra
"avivamento" ou "reavivamento" é usada aleatoriamente, como
se o avivamento fosse produzido simplesmente pelo desempenho humano com data e
hora marcadas.
Voltando ao lugar da Bíblia no avivamento, é importante
salientar que ela foi, é e sempre será a espada do Espírito Santo em todo
avivamento bíblico. Não existe verdadeira espiritualidade sem a Bíblia.
Observando os avivamentos ocorridos na Bíblia e na história da igreja, notamos
que os objetos do Espírito eram sempre persuadidos com e para a Bíblia.
Avivamento onde a Bíblia não está presente não passa de um mero pentecostalismo
convencional.
"Um reavivamento", diz o Dr. Héber de Campos, "que é produto da obra do Espírito Santo na igreja, certamente tem sua ênfase naquilo que tem sido esquecido por muito tempo: a Palavra de Deus. A autoridade da Palavra de Deus passa ser algo extremamente forte num momento genuíno de reavivamento. A Bíblia passa novamente a ser honrada como a única Palavra inspirada de Deus" (11).
"Um reavivamento", diz o Dr. Héber de Campos, "que é produto da obra do Espírito Santo na igreja, certamente tem sua ênfase naquilo que tem sido esquecido por muito tempo: a Palavra de Deus. A autoridade da Palavra de Deus passa ser algo extremamente forte num momento genuíno de reavivamento. A Bíblia passa novamente a ser honrada como a única Palavra inspirada de Deus" (11).
2) O padrão bíblico de avivamento está na Bíblia
Os primórdios do avivamento bíblico aparecem em Gênesis. Segundo Coleman, o que se pode chamar de "o grande despertamento geral" ocorreu nos dias de Sete, pouco depois do nascimento de seu filho Enos: "Então se começou a invocar o nome do Senhor" (Gn 4.26) (12). O nome Enos quer dizer fraco ou doente. O que é deveras significativo. Considerando o assassinato de Abel (Gn 3.9-15) e o aparecimento cada vez mais forte de doenças na raça humana, o nome Enos era bastante adequado. "É provável que fosse um reflexo da consciência da depravação humana e da necessidade da graça divina" (13). À parte desta indicação não existe nenhum outro relato de avivamento no princípio da história da raça humana. O relato subseqüente do dilúvio ilustra de modo dramático o que acontece com um povo que não se arrepende de seus pecados.
Depois temos os patriarcas que por vários séculos lideraram o povo de Deus. Sempre que a vitalidade espiritual do povo se desvanecia, eles agiam como a força que promovia novo vigor. O breve avivamento na casa de Jacó é um bom exemplo disso (Gn 35.1-15). Mais tarde, sob a liderança de Moisés, há períodos empolgantes de refrigério, especialmente nos acontecimentos ligados à primeira páscoa (Ex 12.21-28), na outorga da lei do Senhor no Sinai (Ex 19.1-25; 24.1-8; 32.1-35.29) e no levantamento da serpente de bronze no monte Hor (Nm 21.4-9).
No tempo de Josué um despertamento espiritual predominou em suas campanhas, como na travessia do rio Jordão (Js 3.1-5.12) e na conquista de Ai (Js 7.1-8.35). Mas quando terminaram as guerras e o povo se assentou para desfrutar os despojos da vitória, uma apatia espiritual se apoderou da nação. Sabendo que seu povo estava dividido, Josué reuniu as tribos de Israel, em Siquém, e exigiu que cada um escolhesse, de uma vez por todas, a quem servir (Js 24.1-15). Um verdadeiro avivamento segue-se a esse desafio, prosseguindo durante "todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que ainda viveram muito tempo depois de Josué, e sabiam toda a obra que o Senhor tinha feito a Israel" (Js 24.31).
Os primórdios do avivamento bíblico aparecem em Gênesis. Segundo Coleman, o que se pode chamar de "o grande despertamento geral" ocorreu nos dias de Sete, pouco depois do nascimento de seu filho Enos: "Então se começou a invocar o nome do Senhor" (Gn 4.26) (12). O nome Enos quer dizer fraco ou doente. O que é deveras significativo. Considerando o assassinato de Abel (Gn 3.9-15) e o aparecimento cada vez mais forte de doenças na raça humana, o nome Enos era bastante adequado. "É provável que fosse um reflexo da consciência da depravação humana e da necessidade da graça divina" (13). À parte desta indicação não existe nenhum outro relato de avivamento no princípio da história da raça humana. O relato subseqüente do dilúvio ilustra de modo dramático o que acontece com um povo que não se arrepende de seus pecados.
Depois temos os patriarcas que por vários séculos lideraram o povo de Deus. Sempre que a vitalidade espiritual do povo se desvanecia, eles agiam como a força que promovia novo vigor. O breve avivamento na casa de Jacó é um bom exemplo disso (Gn 35.1-15). Mais tarde, sob a liderança de Moisés, há períodos empolgantes de refrigério, especialmente nos acontecimentos ligados à primeira páscoa (Ex 12.21-28), na outorga da lei do Senhor no Sinai (Ex 19.1-25; 24.1-8; 32.1-35.29) e no levantamento da serpente de bronze no monte Hor (Nm 21.4-9).
No tempo de Josué um despertamento espiritual predominou em suas campanhas, como na travessia do rio Jordão (Js 3.1-5.12) e na conquista de Ai (Js 7.1-8.35). Mas quando terminaram as guerras e o povo se assentou para desfrutar os despojos da vitória, uma apatia espiritual se apoderou da nação. Sabendo que seu povo estava dividido, Josué reuniu as tribos de Israel, em Siquém, e exigiu que cada um escolhesse, de uma vez por todas, a quem servir (Js 24.1-15). Um verdadeiro avivamento segue-se a esse desafio, prosseguindo durante "todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que ainda viveram muito tempo depois de Josué, e sabiam toda a obra que o Senhor tinha feito a Israel" (Js 24.31).
O período de trezentos anos de liderança dos juízes mostra
os israelitas, de quando em quando, traindo o Senhor e servindo a outros
deuses. O juízo de Deus é inevitável. Então, após longos anos de opressão, o
povo se arrepende e clama ao Senhor (Jz 3.9,15; 4.3; 6.6,7; 10.10). Em cada
ocasião Deus responde as orações, enviando-lhes um libertador que liberta o
povo na vitória contra os inimigos. Um dos maiores movimentos avivalistas
aparece no final desse período, sob a direção de Samuel (I Sm 7.1-17).
Tempos de renovação ocorreram periodicamente no período dos
reis. A marcha de Davi, entrando com a arca em Jerusalém, possui muitos
ingredientes de um avivamento (2 Sm 6.12-23). A dedicação do templo, no início
do reinado de Salomão, é outro grande exemplo (I Rs 8). O avivamento também
chega a Judá nos dias de Asa (I Rs 15.9-15). E Josafá, outro rei de Judá,
lidera uma reforma (I Rs 22.41-50), bem como o sacerdote Joiada (2 Rs
11.4-12.16). Outro poderoso despertamento é vivenciado na terra sob a liderança
do rei Ezequias (2 Rs 18.1-8). Por fim, a descoberta do livro da lei, durante o
reinado de Josias, dá início a um dos maiores avivamentos registrados na Bíblia
(2 Rs 22,23; 2 Cr 34,35).
Ainda, sob a liderança de Zorobabel e Jesua, outra vez começa a reacender um novo avivamento (Ed 1.1-4.24). Tendo as intimidações dos inimigos induzido os judeus a interromperem a reconstrução do templo, os profetas Ageu e Zacarias entraram em cena para instigar o povo a prosseguir (Ed 5.1-6.22; Ag 1.1-2.23; Zc 1.1-21; 8.1-23). Setenta e cinco anos depois, com a chegada de outra expedição liderada por Esdras, novas reformas são iniciadas em Jerusalém, dando-se mais atenção à lei (Ed 7.1-10.44). O avivamento alcança o auge poucos anos depois, quando Neemias se apresenta para completar a construção dos muros de Jerusalém e estabelecer um governo teocrático (Ne 1.1-13.31).
Ainda, sob a liderança de Zorobabel e Jesua, outra vez começa a reacender um novo avivamento (Ed 1.1-4.24). Tendo as intimidações dos inimigos induzido os judeus a interromperem a reconstrução do templo, os profetas Ageu e Zacarias entraram em cena para instigar o povo a prosseguir (Ed 5.1-6.22; Ag 1.1-2.23; Zc 1.1-21; 8.1-23). Setenta e cinco anos depois, com a chegada de outra expedição liderada por Esdras, novas reformas são iniciadas em Jerusalém, dando-se mais atenção à lei (Ed 7.1-10.44). O avivamento alcança o auge poucos anos depois, quando Neemias se apresenta para completar a construção dos muros de Jerusalém e estabelecer um governo teocrático (Ne 1.1-13.31).
Uma oração por avivamento e a promessa de sua
ocorrência encontramos também em Joel 2.28-32; Habacuque 2.14-3.19 e Malaquias
4.
No apogeu de um grande avivamento Jesus aparece e é batizado por João Batista. Escolhe e treina seus discípulos; ascende aos céus, deixando-os na expectativa de receberam a promessa do Espírito (Lc 24.49-53; At 1.1-26). O poderoso derramamento do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, inaugura o avivamento que Jesus havia predito (At 2.1-47). "Marca-se, assim, o início de uma nova era na história da redenção. Por três anos Jesus trabalhara na preparação desse dia - o dia em que a Igreja, discipulada por intermédio de seu exemplo, redimida por seu sangue, garantida por sua ressurreição, sairia em seu nome a proclamar o Evangelho 'até os confins da terra' (At 1.8)" (14).
O livro de Atos registra a dimensão desse avivamento. Avivamento em Jerusalém, em Samaria, em Antioquia da Síria e em Éfeso. E de lá para cá, são muitos os relatos da obra vivificadora do Espírito Santo na história da igreja, como por exemplo, na Alemanha com a Reforma Protestante do século XVI, na Inglaterra no século XVIII, entre os negros Zulus da África do Sul na década de 60 e na Coréia do Sul nestes últimos tempos, dentre outros.
No apogeu de um grande avivamento Jesus aparece e é batizado por João Batista. Escolhe e treina seus discípulos; ascende aos céus, deixando-os na expectativa de receberam a promessa do Espírito (Lc 24.49-53; At 1.1-26). O poderoso derramamento do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, inaugura o avivamento que Jesus havia predito (At 2.1-47). "Marca-se, assim, o início de uma nova era na história da redenção. Por três anos Jesus trabalhara na preparação desse dia - o dia em que a Igreja, discipulada por intermédio de seu exemplo, redimida por seu sangue, garantida por sua ressurreição, sairia em seu nome a proclamar o Evangelho 'até os confins da terra' (At 1.8)" (14).
O livro de Atos registra a dimensão desse avivamento. Avivamento em Jerusalém, em Samaria, em Antioquia da Síria e em Éfeso. E de lá para cá, são muitos os relatos da obra vivificadora do Espírito Santo na história da igreja, como por exemplo, na Alemanha com a Reforma Protestante do século XVI, na Inglaterra no século XVIII, entre os negros Zulus da África do Sul na década de 60 e na Coréia do Sul nestes últimos tempos, dentre outros.
Que Deus derrame do seu Espírito sobre nós para que possamos, como igreja e
povo brasileiros, experimentar mais uma vez daquele "fogo abrasador"
que nos purifica e nos santifica para uma vida cristã de obediência à sua
Palavra.
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