domingo, 7 de outubro de 2012

Alguém se interessa por você



Enquanto Davi se encontrava em exílio voluntário de seu povo, escondendo-se, como um animal no deserto, de um Saul enlouquecido de ciúme, ele compôs estas linhas lamentosas: “... pois não há quem me reconheça ... ninguém que por mim se interesse” (Salmo 142:4).

A verdade é que Alguém se interessavae se interessa. As pessoas que mais freqüentemente se ajuntavam ansiosamente em volta de Jesus durante os seus dias de ensinamento eram os rejeitados, aquele grande grupo de homens e mulheres que conheciam bem seus próprios fracassos morais e espirituais e eram forçados a sentirem-nos ainda mais agudamente por uma elite religiosa que os via como inúteis e indignos. Jesus os tocava intensamente porque ele tão obviamente valorizava e se interessava por eles mesmo quando os chamava para arrependerem-se e seguirem-no.

Tal foi o caso quando Jesus ensinou aquela bem conhecida trilogia de parábolas concernentes às coisas perdidas que somente Lucas registra (Lucas 15). (Mateus de fato coloca a história da ovelha perdida num discurso anterior sobre humildade, Mateus 18:12-14). Grandes multidões tinham vindo ouvir Jesus pregar, enquanto um grupinho de fariseus cada vez mais antagonistas resmungava seu desdém por “este homem” que “recebe pecadores e come com eles” (Lucas 15:2). Jesus fez uma pausa em seu ensinamento para responder novamente a seus críticos que, em sua cegueira, continuavam repetindo uma acusação que não somente o elogiava, como indiciava severamente os acusadores.

Jesus pregava o evangelho do reino não como se fosse para aqueles que, como imaginavam, tinham se tornado dignos dele, mas como uma porta aberta a todos. A mensagem dos fariseus era uma mensagem de reforma de modo a ser digno finalmente para um chamado ao reino. O evangelho de Jesus era para pecadores como eram, prometendo perdão e boas vindas a cada coração crente e penitente. Realmente, como as duas primeiras parábolas confirmam, Jesus era pior do que os fariseus o tinham descrito. Ele não somente recebia pecadores mas continuava buscando-os!

Não há dúvida de que estas três parábolas sobre coisas perdidas e pessoas perdidas sejam dirigidas principalmente aos ataques dos fariseus. Elas começam muito enfaticamente como um apelo à natureza humana. Elas contêm o tipo de argumento “o que você faria?” que o Senhor freqüentemente usava (Lucas 14:5). O que qualquer pastor faria se perdesse uma ovelha? O que ele faria se a achasse? E o que uma dona de casa faria se perdesse algum dinheiro? E o que ela faria se o achasse? Tudo sobre estas ilustrações é tão natural que nem precisa de explanação. Todas as pessoas, até mesmo os fariseus, sentem falta de coisas perdidas e se regozijam grandemente quando são recuperadas, mesmo coisas tão mundanas como uma ovelha ou uma moeda. Está implícito em seu argumento: Certamente, um ser humano, ainda que degradado, vale tanto quanto qualquer destas coisas!

Interrogando ainda mais, Jesus está perguntando: “O que faríeis se perdêsseis um filho? O que faríeis se o encontrásseis de novo? E, se estivésseis onde Deus está e tivésseis perdido todos estes ‘filhos’ o que faríeis? E como vos sentiríeis se eles voltassem ao lar novamente? Se não entendeis o que estou fazendo, tentai entender-vos a vós mesmos!”

Esta foi a defesa parabólica de Jesus de sua preocupação com a recuperação moral dos degradados e sua crença que isso era absolutamente possível e digno. Para seus críticos, os coletores de impostos e pecadores eram somente insignificantes pedacinhos de refugo humano sem esperança, para com os quais eles eram indiferentes. Incoerentemente, estes seres humanos, feitos à imagem de Deus, valiam menos para os fariseus do que uma ovelha comum ou um dia de salário. Por elas não tinham interesse nem alegria. Estas parábolas dizem que era o comportamento dos fariseus que não era natural, até mesmo sub-humano, e não o do Senhor.

Na terceira e mais forte destas suas três parábolas, Jesus passa da defesa de seu próprio amor incompreendido para a repreensão dos fariseus pela falta dele. Ele lhes mostrou como deveriam ter sido; agora ele mostrar-lhes-á como eles são. O foco da Parábola do Filho Pródigo não está no “pródigo”, mas no irmão mais velho, que retrata de modo sombrio e trágico a atitude dos escribas egoístas.
Contudo mesmo nesta história de repreensão severa há amor e rogo àqueles a quem ela é dirigida. É um convite à alegria, um convite a partilhar o amor dele e do Pai pelos homens e mulheres perdidos de todas as qualidades; mas há uma estrada dura e humilhante que eles precisam trilhar antes que estejam prontos a recebê-la. E antes que acabe, eles ficarão assustados ao saberem que aqueles que eles tanto tinham desprezado já tinham feito a jornada antes deles.

Nestas parábolas talvez mais do que em qualquer outra é revelado o trabalho e o propósito reais do reino do céu. Perder este foco sobre o povo perdido, a sincera busca para encontrá-lo, a alegria entusiástica pela volta deles, é perder o Cristo que os ensinou.

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