Textos: Fp. 4.13 – Fp. 4.10-19
INTRODUÇÃO: Um dos principais problemas da Teologia da Ganância está na ausência de princípios sólidos para a interpretação da Escritura. Seus adeptos utilizam textos isolados e descontextualizados para justificar pontos de vistas antibíblicos. Filipenses 4.13 é um exemplo desse tipo de equívoco, não poucos citam esse texto para argumentar que podem fazer qualquer coisa. No estudo desta semana, estudaremos essa passagem atentando para o contexto, que nos conduzirá a uma percepção mais madura da fé, que nos orienta a confiar em Deus, independentemente das circunstâncias.
1. PRESO, MAS ALEGRE E CONFIANTE: A Epístola ao Filipenses foi escrita por Paulo, por volta de 63 d. C., pouco tempo depois desse mesmo Apóstolo ter plantado uma igreja naquela cidade, situada na Macedônia oriental, a 16 km do Mar Egeu (At. 16.9-40). Ao longo da Epístola, percebemos o forte laço de amizade entre os irmãos filipenses e Paulo, tendo esses enviado ajuda financeira ao Apóstolo várias vezes (II Co. 11.9; Fp. 4.15,16). Ao que tudo indica, Paulo teria visitado essa igreja duas vezes durante sua terceira viagem missionária (At. 20.1-6). A Epístola ao Filipenses é uma daquelas Cartas da Prisão (Fp. 1.7, 13, 14), quando o Apóstolo estava encarcerado em Roma (At. 28.16-31). Um dos objetivos dessa Epístola é agradecer a generosidade dos irmãos, em razão da oferta providenciada por eles (Fp. 4.14-19). Mesmo preso em Roma, Paulo revela sua confiança em Deus, e roga aos irmãos para que não fiquem desanimados por causa da sua condição (Fp. 1.12-26). Ele aproveita a oportunidade para orientar os crentes para que estejam alegres – uma palavra chave na Epístola aos Filipenses, chara em grego – em todas as circunstâncias da vida (Fp. 1.4, 12; 2.17,18; 4.4, 11-13). Ao contrário do que defendem os adeptos do pseudopentecostalismo, propondo um modelo triunfalista de cristianismo, Paulo instiga à humildade e ao serviço cristão, ressaltando o exemplo de Cristo, que mesmo sendo Deus, tomou forma humana, como servo (Fp. 2.1-16).
2. TUDO PODEMOS, INDEPENDENTEMENTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS: A vida cristã não é orientada pelas circunstâncias, tendo em vista que somos desafiados, a todo o momento, a vivermos acima delas. Paulo nos ensina, nessa Epístola, a vivermos contentes, a não nos deixarmos solapar pelas vicissitudes existenciais. Mas o contentamento não é algo que se consegue do dia para a noite, é resultado do fruto do Espírito (Gl. 5.22), trata-se de uma alegria que não se deixa abalar, mesmo quando tudo parece não se ajustar ao nossos bem estar. A esse respeito diz o Apóstolo: “Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre” (Fp. 4.11). O contentamento é resultado de aprendizado, e muitas vezes, com provas difíceis, e certamente, com notas baixas. Às vezes, é preciso perder bastante para aprender que é “grande fonte de lucro a piedade com o contentamento” (I Tm. 6.6). A palavra contentamento em grego é autarkes e diz respeito à suficiência, a convicção de ter o que é preciso, a certeza de que o Senhor é o nosso Pastor e de que nada nos fará falta (Sl. 23.1). É a certeza de que Deus providencia o que necessitamos, uma satisfação por ter as carências básicas supridas pelo Senhor (I Tm. 6.8; Hb. 13.5). A declaração de Paulo “tudo posso” precisa ser compreendia nesse contexto, não como uma palavra mágica que pode ser utilizada para fazer coisas que estão além da vontade soberana de Deus. O Apóstolo sabia estar diante de Deus em toda e qualquer situação, tal como José que demonstrou ser fiel tanto na fartura quanto na necessidade (Gn. 45.5; 50.20). Algumas pessoas não sabem passar por necessidades, outras não conseguem lidar com a fartura, mas o cristão maduro, pode, independentemente das circunstâncias, viver para Deus (II Co. 6.16-18).
3. NAQUELE QUE FORTALECE: A prosperidade material, amplamente almejada nesses dias, tem causado mais malefícios do que bênçãos. Muitas igrejas estão esquecendo de buscar ao Senhor, investiram demasiadamente em construções, mas deixaram de dar o devido valor à edificação espiritual (Ap. 3.17). Cristo é o Mestre que nos ensina a não vivermos ansiosos, a não estamos demasiadamente preocupados com as necessidades da vida e a não depositar a nossa confiança nas riquezas (Mt. 6.25-34). A fonte da qual recebemos contentamento, satisfação plena, é Cristo, pois sem Ele nada podemos fazer (Jo. 15.5). Paulo não estava desprezando a oferta generosa dos irmãos filipenses, antes os elogia pelo desprendimento. Ele destaca, fazendo um contraponto, que eles foram de encontro com a necessidade dele, mas que Deus iria de encontra a todas as suas necessidades, que Ele havia contribuído mesmo na pobreza, mas que Deus supriria as suas necessidades em Suas riquezas em glória (Fp. 4.18,19). É importante destacar que Deus não promete suprir todas as nossas “ganâncias”, mas todas as nossas "necessidades". Muitas pessoas não conseguem vivem contentes porque se deixam levar pelas supostas necessidades criadas pela mídia, movida pela sociedade de consumo, que não permite que se encontre plena satisfação.
CONCLUSÃO: Precisamos aprender, como Paulo, a viver contentes, a encontrar plena satisfação em Cristo. Muitos pedem, declaram, até citam Jo. 14.13, achando que receberão qualquer coisa que pedirem, mas não relativizam, que muitos pedem, mas não recebem, porque pedem mal, para esbanjar em seus deleites carnais (Tg. 4.2,3). Somente aqueles que aprenderam na escola de Cristo a estarem satisfeitos nEle, podem dizer, com o Apóstolo, que: “tudo podem naquele que me fortalece”.
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